Palavra da editora
A SEMENTE ESTÁ SE DISSEMINANDO...
Em 2021, eu escrevi em um espaço como este, da Palavra da Editora, que eu podia dizer sem medo de errar que o estudo de diversidade e inclusão em escritórios de advocacia é um dos projetos da Análise que mais me fez refletir, e é também um dos que eu mais me orgulho de patrocinar. Passados quatro anos, publicamos neste 2025 a quinta edição de ANÁLISE ADVOCACIA DIVERSIDADE E INCLUSÃO - ou ANÁLISE D&I, na versão mais curta. Alegro-me em dizer que continuo orgulhosa em patrociná-lo, refletindo e aprendendo com os resultados de cada edição do nosso levantamento, e com as histórias que ele nos permite revelar.
A primeira notícia a comemorar é o número de escritórios participantes da pesquisa, em todo o Brasil. De 192, em 2021, tivemos 557 neste ano. Os escritórios que participam da pesquisa, respondendo a um questionário específico sobre suas iniciativas, são listados pela ANÁLISE como Escritórios que adotam Práticas de Diversidade & Inclusão. Por isso eles podem usar o selo "Diversidade e Inclusão Eu Pratico", disponível aqui mesmo no analise.com, para os escritórios listados.
Não se trata de um ranking nem de uma certificação, é importante esclarecer. Um e outro exigiriam indicações e comprovações que o levantamento da ANÁLISE não busca. Nosso esforço, por ora, tem sido o de identificar em meio a milhares de escritórios cadastrados na nossa base de dados, quais declaram promover práticas de D&I em seus processos e procedimentos.
O fato de o número de escritórios dispostos a participar da pesquisa ter quase triplicado em apenas cinco anos, nos parece um indício deveras positivo. Mesmo com os ventos contrários à adoção de medidas para promover equidade e equilíbrio nas equipes, que ameaçaram varrer países como os EUA, o compromisso com a promoção de ambientes de trabalho diversos e inclusivos parece firme o suficiente para se manter e florescer.
Ainda é cedo, entretanto, para comemorar resultados. Quem percorrer os conteúdos produzidos nesta edição especial notará que ainda há muito desequilíbrio por corrigir. Mas perceberá, também, avanços claros, cuja tendência das linhas nos autorizam a concluir, irreversíveis. Um exemplo disso é o percentual de escritórios administrados por mulheres.
Em 2021, no primeiro levantamento, 36% das bancas participantes informavam ter uma advogada sócia como CEO. Em 2025, o índice subiu para 49%. Somando-se às advogadas sócias, os 6% de profissionais da área administrativa, do gênero feminino, que afirmaram comandar escritórios de advocacia, o percentual de bancas administradas por mulheres chega a 55%. Esse é um dado a se comemorar. Ainda que o percentual de advogadas heads de áreas tenha caído ligeiramente.
Vale notar o que parece ser uma maior sensibilidade para incluir pessoas com deficiência, particularmente aquelas do espectro dos transtornos do humor, que incluem
depressão, bipolaridade, esquizofrenia entre outros. Assim como uma sinalização de maior abertura para pessoas LGBTQIA+ no exercício da profissão.
O número de advogados negros, dos gêneros feminino e masculino, nos quadros dos escritórios, tanto no corpo de profissionais como no de sócios, também é crescente. Não obstante, ainda esteja muito aquém do desejável para que os escritórios deixem de espelhar a bolha do topo da pirâmide social do Brasil, para tornarem-se, juntamente com todas as demais áreas da produção, o reflexo da mescla da nossa sociedade.
Esse é o meu sonho. E, para minha sorte e alegria, é também o de muitas pessoas em posição de decisão ou não, que eu tenho encontrado nessa minha jornada. Particularmente, desde que começamos a pesquisar como são montadas e geridas as equipes dos escritórios de advocacia empresarial no Brasil.
Esperamos que a leitura e a consulta deste material possam ser inspiradoras e úteis aos seus propósitos.
Um abraço,
SILVANA QUAGLIO
Publisher e CEO da Análise Editorial