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Diversidade religiosa já é pauta nas bancas brasileiras; Veja mapa

Mesmo com a maioria dos escritórios apontando forte presença de católicos, as religiões de matriz africana aumentaram sua participação nas bancas desde 2022

14 de August 12h

"Acredito que o fundamento da religião é fazer o bem ao próximo. Mantenho uma fé intensa, tenho minhas crenças e elas estão vivas no pensamento e nas pequenas ações do dia a dia". Essa é a visão sobre as religiões de João Casalatina, sócio-líder de Comex no Simões Pires Advgados e praticante da Umbanda, uma religião que vem ganhando cada vez mais espaço dentro dos escritórios.

É o que apontam os dados da nova edição do ANÁLISE ADVOCACIA DIVERSIDADE E INCLUSÃO. Apesar de a maioria dos escritórios (53%) indicar a existência de um ou mais praticantes do catolicismo em suas respectivas bancas, as religiões de matrizes africanas tiveram um salto considerável.

Este ano, 35% dos escritórios declararam ter ao menos um profissional praticante de religiões de matrizes africanas. Isso representa um aumento de nove pontos percentuais em relação a 2022, quando apenas 26% afirmaram ter profissionais que se autodeclararam pertencentes a essas religiões.

Ainda segundo a pesquisa deste ano, 47% dos escritórios apontaram ter profissionais que se autodeclaram espíritas, um crescimento de cinco pontos percentuais em relação a 2022, quando 42% das bancas disseram possuir um integrante da religião atuando no escritório.

Diversidade religiosa no cenário jurídico

No cenário jurídico e corporativo, João Casalatina afirma nunca ter sentido preconceito por sua opção religiosa. "Os lugares onde atuo são ambientes em que a opção religiosa de cada um não é mais relevante do que o papel e a competência. É algo respeitado e nem sequer é colocado em pauta", declara o líder da área de comércio exterior do Simões Pires Advogados.

O sócio-líder de Comex do Simões Pires, escritório eleito Mais Admirado no anuário ANÁLISE ADVOCACIA, ressalta que a diversidade religiosa no ambiente de trabalho não se trata apenas de uma valorização de crenças, mas sim de um respeito à trajetória de cada pessoa.

Anelise Damasceno, sócia e head de Diversidade, Equidade e Inclusão do Andrade Maia Advogados, banca eleita Mais Admirada no anuário ANÁLISE ADVOCACIA, complementa que a diversidade religiosa enriquece o clima organizacional, pois promove o respeito, a empatia e o diálogo entre pessoas com diferentes visões de mundo. "Essa pluralidade favorece a construção de relações mais inclusivas, a integração das equipes e amplia inegavelmente a compreensão mútua, criando um ambiente em que todos se sentem respeitados e representados", afirma Anelise.

Ampliando Horizontes

Segundo o Censo Demográfico 2022 o número de pessoas adeptas a religiões de matrizes africanas atingiu 1.849.824 no Brasil. Isso representa 1% da população, um aumento de 0,7 ponto percentual em relação a 2010. João Casalatina, em sua visão, diz as pessoas têm buscado uma ligação mais intensa com o divino, fora dos padrões habituais de religiões mais conservadoras.

"Sinto que as pessoas estão procurando cada vez mais amparo, auxílio de uma maneira mais direta do divino. Elas certamente estão precisando mais se sentir acolhidas, e as religiões hoje, de diferentes maneiras e intensidades, acolhem aqueles que as procuram", afirma Casalatina.

Com uma personalidade séria, mas aberta ao diálogo, João frequenta terreiros de Umbanda há cerca de três anos. Apesar de nunca ter sido apegado a uma religião e de ter sido batizado na Igreja Católica, Casalatina relata que, durante sua infância, sua mãe sempre frequentou a igreja evangélica. No entanto, ele acabou se afeiçoando mais ao espiritismo kardecista. "Eu sempre tive a visão de que nunca perdemos por conhecer uma religião; apenas ganhamos conhecimento", complementa.

Foi com esse pensamento que ele aceitou o convite de ir ao terreiro de um amigo. "Foi um ambiente onde me senti acolhido. Estava em um momento delicado da minha vida, e vi atos de bondade sendo feitos ali para as pessoas, um lugar do bem, com uma energia bacana, e me identifiquei com aquilo."

Conexão entre Pessoas: O Impacto da Diversidade Religiosa

Na visão de Anelise Damasceno, a diversidade religiosa nos escritórios é percebida positivamente pelos clientes. Essa abertura transmite uma imagem de sensibilidade cultural, ética e compromisso com a inclusão, o que reforça a credibilidade da banca e permite uma atuação personalizada. Consequentemente, fortalece o relacionamento e a confiança entre as partes.

Assim como a religião aproxima, cria pontes e humaniza relações no mundo pessoal, o mesmo pode ocorrer no setor corporativo. Em um ambiente movido por estratégias e resultados, respeitar diferentes trajetórias de fé é, no fim, reconhecer o valor de quem as trilha. É nesse encontro entre histórias que o verdadeiro bem se pratica.

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