Aos 20 anos, Fenalaw contou com palestra do vice-presidente da OAB-SP, Leonardo Sica. O evento começou nesta quarta-feira, 25, e tem programação para os próximos dois dias, agregando fóruns das várias áreas do direito, passando por novas regulações, inovações tecnológicas e empreendedorismo, além de expositores com os mais variados produtos para o meio jurídico.
Diante do auditório cheio, Sica expos a visão da OAB-SP sobre as mudanças trazidas pela tecnologia para a profissão e comentou as realidades dissonantes que os advogados enfrentam em todo o estado. O vice-presidente disse sentir-se privilegiado por estar sob os holofotes da plateia e que a perspectiva de uma advocacia próspera e luxuosa pode ser enganosa.
Na diretoria da OAB há pouco mais de um ano e nove meses, o advogado confidenciou que a entidade demorou para se atualizar e que agora o foco é utilizar o máximo de ferramentas disponíveis para melhorar a oferta de serviços jurídicos. Com demandas plurais, heterogêneas e complexas, os demandantes dessas atividades têm expectativas e potencialidades variadas que precisam ser melhor atendidas, segundo ele.
Integrante de uma classe em expansão, Sica comentou que a planilha de profissionais inscritos ativos aumenta semanalmente, um movimento a ser considerado pelos colegas. "Nós entregamos a inscrição de número 500 mil no mês passado, e esta semana, no interior, encontrei uma advogada com o número 511 mil. Esse crescimento exponencial de profissionais é algo a ser considerado por todos os que advogam, pois interfere decisivamente no que vamos fazer."
Ainda segundo o vice-presidente, a categoria reflete a desigualdade do país. Em sociedades individuais ou escritórios pequenos, a média de faturamento mensal é de R$6 mil para mulheres e R$10 mil para homens, o que impossibilita a contratação e utilização de ferramentas avançadas de tecnologia e informação.
Com o mapa do Estado aberto, o palestrante apontou os focos de concentração de profissionais. Demandas penais, trabalhistas, aduaneiras e fundiárias movimentam o interior paulista, uma conclusão tirada das visitas que responsáveis da OAB fizeram a essas regiões. O movimento que a entidade pretende fazer é deslocar as conclusões feitas pessoalmente para o conhecimento tecnológico. "A gente tem que usar tecnologia em cima desse conhecimento para auxiliar melhor a prestação de serviço jurídico", concluiu.
O vice-presidente ainda falou que todos os profissionais devem ter a oportunidade de trabalhar com os eixos de automação, segurança de dados e inteligência artificial. Sobre os desafios na gestão de escritórios, o advogado apontou a gestão de tempo, dados e custos como os principais focos de atenção.
Leonardo Sica elencou as atividades que já se tornaram comuns no trabalho dos advogados. No entanto, completou dizendo ser preciso definir os parâmetros para os profissionais, identificando onde é essencial usar intensamente a tecnologia e onde é necessário evitá-la.
Sobre as novas oportunidades notadas pelos escritórios, o acesso aos novos mercados de influenciadores e produtores de conteúdo, audiovisual, visual law, criptomoedas e blockchain, metaverso e NFT já movimentam a atividade, principalmente em torno da LGPD.
O advogado concluiu enumerando as formas de apoio da OAB em relação a tecnologia da advocacia. Destacando o ambiente sandbox regulatório e marketplace em formato de lawtech, Sica insistiu na democratização do acesso às ferramentas de tecnologia, defendendo a entidade e explicando o motivo do investimento em espaços físicos. "Oferecemos [esses recursos] para os 62% de advogados e advogadas que não estão inseridos em grandes escritórios e não têm condições de desenvolver. Quanto mais advogados utilizarem esses recursos, melhor para todos."