Rodrigo Junqueira fala sobre a integração da geração Z no mercado

Com propósito, diversidade e objetivos diferentes, a geração Z ingressou no mercado de trabalho trazendo mudanças significativas. Conhecidos por sua intimidade com a tecnologia, os nascidos entre 1995 e 2010 acumulam adjetivos — nem sempre positivos — e, por isso, surpreendem recrutadores e líderes.

É justamente na dicotomia entre inovação e desafios que essa geração pauta temas como mentorias, palestras, atividades em grupo e rodas de conversa realizadas por escritórios de advocacia. O objetivo, portanto, é "normalizar" a presença desses profissionais e integrar suas particularidades às dinâmicas corporativas.

O advogado e administrador Rodrigo Junqueira iniciou seu segundo mandato como managing partner  do Lefosse em grande estilo. O escritório registrou um crescimento de 50% no total de profissionais nos últimos três anos, ultrapassando a marca de 600 colaboradores. Além disso, a projeção para este ano é de um crescimento de dois dígitos em receita em comparação ao ano anterior.

De acordo com Junqueira, o sucesso do escritório está diretamente ligado à superação de barreiras geracionais. "Nós procuramos identificar o valor que a nova geração pode trazer para o escritório. Acredito que eles contribuem muito com perspectivas diferentes, especialmente no âmbito humano e na forma de lidar com a tecnologia."

A formação acadêmica voltada para questões empresariais e tecnológicas também é um aspecto determinante no perfil da geração Z. "As faculdades têm adaptado seus currículos ao longo do tempo", diz Junqueira. "Hoje, alguns cursos já incluem disciplinas voltadas para negócios, programação e tecnologia, preparando os alunos para lidar com inteligência artificial e automação."

A forma de adquirir novas habilidades passou por diversas atualizações ao longo do tempo. Enquanto os baby boomers (nascidos entre 1946 e 1964) participaram de treinamentos e workshops presenciais, a geração X (1965 a 1980) teve acesso aos primeiros conteúdos online. Já os millennials (1981 a 1996) começaram a assistir a tutoriais em vídeo e a participar de webinars. Por sua vez, a geração Z utiliza aplicativos de aprendizado e adota plataformas de microlearning como principal recurso.

Levando isso em consideração, o Lefosse investiu na Academia Lefosse, que oferece trilhas técnicas adaptadas a cada prática, proporcionando treinamentos específicos conforme a área em que o advogado ou estagiário está inserido. "Além disso, temos treinamentos de soft skills, como liderança, negociação e administração de equipes, bem como cursos mais amplos na área de negócios, como contabilidade e finanças, para formar advogados multidisciplinares", comenta Junqueira.

Horários fixos e uma separação clara entre a vida profissional e pessoal, ou a valorização da flexibilidade total, e a integração entre a gravata e os chinelos? Assim, administrar o ambiente de trabalho coloca essas duas visões no mesmo espaço. Portanto, gerenciar o ambiente de trabalho implica conciliar essas duas visões. Dessa forma, como formar equipes que se complementem, ao invés de entrarem em conflito?

O managing partner explica que o Lefosse oferece programas que se adaptam às cargas horárias das faculdades, permitindo que a experiência dos estagiários aconteça durante as férias de meio de ano. Dessa forma, o escritório busca equilibrar a flexibilidade com as exigências do trabalho, criando um ambiente mais harmonioso e produtivo para todos.

Nossos times são diversos quase que naturalmente", diz Junqueira. "Neles, teremos sócios de uma geração mais antiga, advogados seniores e plenos, que pertencem à geração intermediária, e também advogados juniores e estagiários envolvidos no projeto. Assim, em todas as áreas do escritório, há a formação de times distintos, e aplicamos nossos valores de respeito, humanidade, flexibilidade, parceria e aprendizado."

Quanto à fama de avessos à burocracia, achando que sabem de tudo e ansiosos, Junqueira prefere associar essa geração a características mais elogiosas. "Eles preferem processos mais diretos e objetivos, o que é positivo. Acho que são mais bem preparados, têm muito mais informação graças aos celulares, redes sociais e ao acesso à mídia. Chegam mais informados e educados sobre diversos temas. Embora isso possa parecer para alguns que eles acham que sabem de tudo, mas, na verdade, é mais um desejo de aprender e colaborar", afirma.

A geração Z, composta por indivíduos nascidos a partir de 1995 até aproximadamente 2010, surge como a transição entre os séculos XX e XXI. Caracteriza-se pelo domínio das novas tecnologias e por uma urgência nas interações, que se dão de forma múltipla e em um universo particular, muitas vezes distante do ambiente e das relações interpessoais tradicionais.

Além disso, a variedade de mídias disponíveis, a rapidez no tráfego de informações, a interatividade constante no ambiente virtual e o uso diário de tecnologias influenciam profundamente o comportamento desses indivíduos, imprimindo características como polivalência, agilidade e uma curiosidade insaciável.

Consequentemente, estes jovens, que estão sempre conectados, são capazes de processar múltiplas fontes de dados simultaneamente, buscando novidades e formas de se expressar e interagir em uma velocidade que muitas vezes supera os padrões das gerações anteriores.

A geração Z, composta por indivíduos nascidos entre 1995 e 2010, é marcada por um profundo vínculo com as novas tecnologias e um modo de vida acelerado, interconectado e digital.

Em contraste com as gerações anteriores, que vivenciaram a transição gradual para o mundo digital, os membros da geração Z cresceram em um ambiente em que a tecnologia é parte integrante de sua identidade, comportamento e interação social.

Nesse sentido, surgem características únicas que definem essa geração, revelando suas atitudes, valores e expectativas em relação ao mundo. Por isso, os nativos digitais se destacam por algumas características marcantes:

• Praticidade: Buscam soluções rápidas e eficientes, priorizando a objetividade.
• Realismo: Têm uma visão pragmática do mundo, com consciência dos desafios e limitações.
• Tolerância: São mais abertos à diversidade e valorizam a inclusão de diferentes pontos de vista.
• Ativismo: Comprometidos com causas sociais, eles lutam por mudanças em várias esferas da sociedade.
• Avessos a rótulos: Desafiam estereótipos e buscam definir suas próprias identidades sem imposições externas.
• Adeptos da acessibilidade e simplicidade: Preferem soluções que sejam fáceis de usar e acessíveis a todos.
• Desejosos de construir um mundo melhor: Buscam, ativamente, soluções para os problemas globais, desejando um futuro mais justo e sustentável.

Embora essa análise da geração Z tenha sido originada nos Estados Unidos, suas conclusões são válidas para sociedades ocidentais de maneira geral.