Palavra da editora
CENÁRIO QUE MUDA PARA MELHOR
Quem está acostumado a lidar com dados e informações primárias percebe notícia nas mais variadas leituras possíveis. Esse é o caso do levantamento da Análise Editorial sobre diversidade e inclusão em escritórios de advocacia empresarial, no Brasil. Realizada pelo quarto ano consecutivo, a pesquisa busca identificar quais bancas incorporam práticas de D&I a sua gestão. E oferece um verdadeiro maná para quem está interessado em conhecer melhor o que está em curso em mais de quatro centenas de bancas pelo Brasil.
O resultado indica um cenário de crescente compromisso de escritórios com o tema, em todo o país. O primeiro dado a chamar atenção é o aumento substancial de bancas que declaram incluir práticas de D&I na gestão de suas equipes. Entre 2021, quando fizemos o primeiro levantamento, e este ano, o número de bancas mais que duplicou - foi de 192 para 426.
Uma enquete preliminar à pesquisa de práticas indicou a existência de 596 escritórios com iniciativas de D&I incorporadas à gestão. Desses, 426 se dispuseram a detalhar suas práticas. São eles que compõem a lista de bancas com práticas de D&I deste ano.
O maior avanço, inegavelmente, é o crescimento da liderança feminina nos escritórios. Elas ainda são minoria entre os CEOs, mas já assumem o posto em 44% dos escritórios que participaram do levantamento. E em nove de cada dez deles, há mulheres que lideram áreas específicas da advocacia.
O número de profissionais negros também sobressai como um dado animador. Claro que ainda estamos muito longe da representatividade ideal. Mas é um alento constatar que 12% dos escritórios que responderam à pesquisa têm mais de 20 advogados pretos ou pardos na equipe. E a vasta maioria, oito em cada dez, afirma ter advogados negros. Somente 12% afirmaram não ter nenhum, e outros 9% preferiram não responder à questão.
Olhando os dados na perspectiva da série histórica deste levantamento específico, que já vai se formando, o número de escritórios cuja equipe não tem nenhum advogado preto ou que não responderam à questão caiu à metade. Sem dúvida, uma boa notícia.
Outra boa notícia é a consistência do levantamento. Além do número crescente de escritórios participantes, números pouco representativos na primeira edição - pela simples falta de parâmetro - ganham densidade conforme a linha do tempo se desenha ano após ano. É o caso da questão que busca esclarecer como se organizam as ações dos escritórios.
Enquanto 40% dos respondentes em 2021 diziam possuir comitê para lidar com os assuntos e outros 43% indicavam possuir comitês e programas estruturados, nos três anos seguintes os percentuais foram para a casa dos 20%. Por quê?
Algumas hipóteses explicam o fenômeno. A primeira, mais óbvia, é que o ano 1, com 192 escritórios respondentes, tenha atraído as bancas com programas mais consolidados. Natural, portanto, que sua participação percentual na amostra fosse alta. Essas bancas voltam a participar dos levantamentos seguintes, em amostras com cada vez mais escritórios. Dessa forma, os 20%, em média, em cada um dos anos seguintes, correspondem aos 40% lá do primeiro ano. Além disso, vale lembrar que os dados de pesquisas costumam melhorar com o tempo, pelo simples treino de respondentes e de pesquisadores também.
Esperamos que você tenha bom proveito da fotografia primorosa que a jornalista Aline Fraga e equipe organizaram, em mais de 20 tabelas e gráficos que podem ser consultados abaixo. Todos os dados emergem deste que é o mais abrangente e profundo levantamento sobre práticas de D&I em escritórios de advocacia no Brasil.
Somos muito gratos pelo seu interesse!
Um abraço forte,
SILVANA QUAGLIO
Publisher e CEO da Análise Editorial