Na terça-feira, 24 de agosto, a CLOC Brasil realizou o webinar "Mulher & CEO: Lideranças que Transformam". O evento contou com a participação de renomadas CEOs: Ana Beatriz Couto, do Sem Processo; Camilla Jimene, do escritório Opice Blum; Gisele Ueno, da Hi-LAW +; Yasmin Gomes, da LSD | Legal Sensory Design; e Silvana Quaglio, da Análise Editorial.
Durante a abertura, Ana Couto destacou que o objetivo do encontro era ressaltar a potencialidade da liderança feminina, apresentando exemplos inspiradores das convidadas. Um dos pontos abordados foi a controvérsia gerada pela declaração de Tallis Gomes, ex-CEO da G4 Educação, que disse: "Deus me livre de mulher CEO".
"O contexto do nosso webinar ‘Mulher & CEO: lideranças que transforma’ é que a gente viu a repercussão de uma fala de uma pessoa de relevância do segmento de educação em relação ao posicionamento da mulher", disse Ana.
Camilla Jimene compartilhou sua experiência de 20 anos no campo do direito digital. Como CEO, ela lidera uma equipe de 160 pessoas e destacou que sua posição de liderança se deve à entrega de resultados. "Diversidade é sinônimo de resultados, e estamos falando de negócios. Nós, mulheres, trazemos os maiores resultados para os negócios".
"Todos os estudos mostram que lideranças femininas trazem mais confiança e reputação para as empresas e para os liderados, mas, sobretudo, trazem mais dinheiro para a mesa". Camilla citou uma pesquisa da Análise de 2022 que mede a quantidade de mulheres em cargos de liderança em escritórios de advocacia.
O coletivo SER.A.CEO, que tem objetivo de impulsionar mulheres a cargos de liderança, faz parte do portifólio de Camilla. Para exemplificar o desafio feminino no mercado jurídico, ela citou um estudo da consultoria Leopard Solutions, que constatou que mais de 2,5 mil mulheres sumiram do mapa das pesquisas. "Essas mulheres estavam em escritórios de advocacia em cargos elevados, mas perceberam que não estavam mais lá. Foram procurar em startups, lawtechs, legaltechs e áreas jurídicas das empresas, e elas também não estavam presentes", contou Jimene.
Segundo a CEO do Opice Blum, mais de 80% das mulheres afirmaram que deixaram o mercado não por precisarem cuidar dos filhos e da família — elas sabiam que podiam conciliar as duas responsabilidades. O que as levou a essa decisão foi a percepção de que, apesar de suas entregas excepcionais, não conseguiam avançar para cargos superiores.
Sobre esse "elefante na sala de estar", Yasmin Gomes, CEO da agência LSD, destacou a importância de aproveitar o momento para investigar as origens dessas questões e entender os desafios silenciosos que as mulheres enfrentam. "Hoje, além de um sócio homem, tenho uma sócia mulher que compartilha comigo muitos dos desafios do dia a dia", disse.
Silvana Quaglio, CEO da Análise, abordou a participação feminina no mercado jurídico e destacou que, mesmo entre as eleitas como as Mais Admiradas nas publicações da editora, as mulheres ainda se mostram pouco visíveis profissionalmente.
Sobre sua carreira, Silvana contou que alcançou a posição de CEO após mais de 20 anos na imprensa e sua transição para o empreendedorismo. "Nesse período todo eu vi uma grande mudança", disse. "No jornalismo, o machismo era um pouco mais velado. Eu liderei uma equipe, trabalhei como repórter em Brasília por muito tempo e, em seguida, fui editora e coordenadora da reportagem de economia. Com menos de 30 anos, cheguei a liderar uma equipe de dez homens."
Segundo ela, muitas vezes se colocava de forma a não reconhecer o machismo, mas ao mesmo tempo enfrentava questões cotidianas que evidenciavam sua presença, especialmente no contato com outros homens na profissão e durante as entrevistas.
Desde 2021, a Análise Editorial tem produzido um ranking exclusivo de advogadas. Neste ano, a edição ANÁLISE ADVOCACIA MULHER apresentou 1.389 profissionais, eleitas como Mais Admiradas pelos principais executivos do país.