Imagine como seria ir ao escritório através de uma realidade 3D? Foi mostrando na prática como seria essa experiência que a "Plenária Metaverso" começou durante a Fenalaw. Apesar do metaverso ainda ser um mundo em construção, "ele já faz parte da nossa realidade faz tempo", explica a advogada Silvia Piva, COO e sócia do GHBP Advogados.
A experiência de colocar um óculos que contém um micro computador é compreendida pelo cérebro humano como uma vivência da realidade, motivo pelo qual as pessoas têm sensações equivalentes às do mundo concreto. Trata-se de um avanço da tecnologia que tem afetado a todas as ciências - inclusive o Direito.
Mas não é só a advocacia que tem ingressado no metaverso. Na cidade de Colíder, no interior do Mato Grosso, a juíza do Trabalho Graziele Cabral Braga de Lima é a primeira a levar a experiência para o Judiciário, implementando ambientes do metaverso na vara da qual é responsável. A iniciativa foi inaugurada em maio deste ano, mas ainda não chegou às audiências - embora esse seja um dos objetivos de Graziele.
A inserção dos escritórios de advocacia nesse novo ambiente, para ele, é fundamental enquanto diferencial competitivo no mercado de trabalho e desempenha um papel de auxiliar no entendimento de como as leis poderão ser aplicadas a esse novo momento. "Do mesmo jeito que todo mundo tem um site, no futuro também vai estar no metaverso", pondera Gustavo Viseu, sócio do Viseu Advogados.
Um bom paralelo para compreender essa transição é o exemplo da internet discada, trazido durante a plenária por Ramon Alberto dos Santos, associate general counsel na área de Privacidade e Proteção de Dados Pessoais da Meta. "Na época, não imaginávamos que teríamos tantos recursos como hoje", afirma o profissional. Outro ponto suscitado pelo especialista é o fato do metaverso, por ser imersivo, poder reduzir a "fadiga" causada pelos métodos já conhecidos de fazer vídeochamadas.
Trata-se de uma verdadeira "transformação cultural", afirma José Ricardo de Bastos Martins, sócio do Peixoto & Cury Advogados. Ele aponta que a tecnologia não é um sinônimo de inovação, embora possa criar o ambiente propício para ela.
Contudo, há também desafios para essa nova etapa de compreensão da realidade. O advogado Rodrigo Pironti, sócio e fundador do Pironti Advogados, contou durante a plenária de um case no qual ele atuou em que avatares do multiverso teriam cometido uma fraude em um processo licitatório. "Juridicamente, o avatar é o quê? Eu não tenho dúvidas de que é uma extensão da personalidade."
Quanto ao futuro que chega, Pironti reforça a fala de Viseu sobre a aproximação do multiverso da rotina de trabalho do mundo jurídico