Invisibilidade e carência de dados: o desafio das PCDs no mercado jurídico | Análise
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Invisibilidade e carência de dados: o desafio das PCDs no mercado jurídico

52% dos escritórios entrevistados pela equipe da Análise Editorial preferiram não revelar detalhes sobre colaboradores com deficiência

5 de September de 2023 15h56

A inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho jurídico empresarial ainda sofre com a invisibilidade de ações e dados. Na pesquisa feita para o e-book ANÁLISE ADVOCACIA DIVERSIDADE E INCLUSÃO 2023 da Análise Editorial, mais da metade dos 333 escritórios que aceitaram abrir detalhes do que acontece da porta da banca para dentro não têm colaboradores com deficiência. E, do lado dos que têm, 52% preferiram não revelar detalhes.

A dor começa já nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil. A entidade de classe não realiza um censo para determinar quantos profissionais com deficiência estão cadastrados em seus quadros.

Paula Carolina Ribeiro de Lima, advogada da banca paulistana Arystóbulo Freitas Advogados, ressalta que, na ausência de ações afirmativas, "só se olha para o lado negativo, e não para o que PCDs podem trazer para o ambiente coletivo. É fundamental ter um trabalho diferenciado, seja na hora da contratação, seja no dia a dia".

A advogada tem nanismo e foi integrada ao escritório por meio de um programa do comitê de D&I, que possui uma frente de atuação específica para Pessoas com Deficiência (PCDs), estabelecendo parcerias com o Instituto Nacional do Nanismo e com um de seus projetos sociais, o "Somos Todos Gigantes".

A presença da advogada alterou a maneira como os colegas lidam com a situação. "As pessoas estão sendo influenciadas por essa nova perspectiva. Este é o maior benefício para nós como instituição", afirma Silvia Letícia de Almeida, sócia e líder do comitê de D&I do Arystóbulo Freitas Advogados.

Uma das maiores bancas do País, Nelson Wilians Advogados, realizou um censo interno que revelou que 1,5% de seus profissionais são surdos. Para incluir essas pessoas na equipe, o escritório organizou um módulo de Libras, com duração de quatro meses.

De acordo com a pesquisa do ANÁLISE ADVOCACIA DIVERSIDADE E INCLUSÃO 2023, deficientes auditivos estão em 12% das bancas, enquanto surdos estão em 3%. "A diversidade e a inclusão começam dentro de cada pessoa", concluiu Luiz Rostello, gestor da área de Gestão de Pessoas do escritório

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