Os dados trazidos pela edição de 2024 do ANÁLISE ADVOCACIA DIVERSIDADE E INCLUSÃO apontam que 47% dos escritórios já possuem alguma estruturação quando se fala de D&I. Desse percentual, a maior fatia é das bancas que possuem comitês, 22% dos escritórios presentes na edição contam com grupos voltados a diversidade e inclusão. Já entre os escritórios que possuem programas estruturados voltados a D&I o número é de 8%. Enquanto o percentual de bancas que possuem tanto programas quanto comitês é de 17%.
Uma das bancas que integra o grupo de escritórios com programas e comitês estruturados é o Serur Advogados. O escritório recifense criou o comitê +Diversidade em 2018 e tinha como foco tornar a banca cada vez mais plural.
De acordo com Bianca Dias, sócia do Serur Advogados e presidente do comitê, desde a estruturação do comitê as pesquisas internas da banca demonstraram um crescimento da satisfação dos colaboradores. "Em seis anos de constituição do comitê, o escritório percebeu um aumento na satisfação dos seus integrantes a cada pesquisa de clima realizada. As equipes destacam a sensação de pertencimento e a tranquilidade de poderem ser quem são, ainda que trabalhando em um ambiente mais formal, como costuma ser o do Direito."
"De maneira geral, todo o corpo do Escritório vem aprendendo acerca dos temas que, embora inicialmente classificados como Diversidade e Inclusão, dizem respeito a todos, por se tratar de questões sociais. A própria empresa vem aprimorando as suas práticas e políticas internas visando não apenas a contratação de profissionais assim chamados diversos, mas com o foco na sua manutenção e crescimento dentro do Escritório", completou Bianca.
Já Fabiana Diniz, sócia do Lacerda Diniz Sena Advogados, afirmou que a presença de uma estruturação em diversidade e inclusão é essencial para a o crescimento da pluralidade dentro do escritório. "a ausência de um comitê estruturado dificulta o avanço das diversidades, acarretando a ausência de representatividade de diferentes grupos. Quando não se tem um olhar estratégico para a diversidade, as decisões e políticas desenvolvidas acabam desconsiderando experiências e perspectivas diferentes, impactando na sustentabilidade da organização a longo prazo."
Segundo ela, após a estruturação do grupo voltado à diversidade e inclusão o escritório foi impactado positivamente. "Com a implantação do nosso comitê tivemos a promoção de um ambiente mais diverso, colaborativo e igualitário, propiciando a troca de experiências e estímulo da criatividade e inovação. O nosso clima organizacional também foi influenciado de forma positiva, atraindo e retendo os colaboradores, contando com um engajamento maior por parte da equipe."
Embora o percentual de bancas que possuam uma atuação estruturada seja significativo, a autonomia dos comitês não tem evoluído. Desde 2022 o percentual de escritórios que os comitês possuem autonomia para propor e implementar medidas oscilou negativamente em três pontos percentuais, representando 35% do total das bancas presentes na edição.
Bianca enfatizou a necessidade de integração com as lideranças para que os comitês e destacou a propriedade que esses grupos têm para debater tais questões. "A mudança de cultura demanda ações específicas, de modo que a chefia esteja diretamente engajada e comunique a importância do tema aos demais integrantes, reiterando-o com frequência. Um comitê estruturado trata desses assuntos de maneira orgânica, pedagógica e constante, deixando claro aos componentes da empresa que a Diversidade e a Inclusão, o respeito às diferenças, o fomento às individualidades e o acolhimento de profissionais com histórias e subjetividades distintas, entre outros aspectos, integram os seus valores inegociáveis."
A sócia do Serur reforçou que todos os investimentos em prol da pluralidade nos escritórios são benéficos e devem ser feitos. "Qualquer investimento em Diversidade e Inclusão vale a pena. Começar ações nesse sentido é melhor do que aguardar o momento ideal, que nunca chega, ou o aporte financeiro relevante, uma vez que a mera existência de políticas, atitudes e a própria mensagem de comprometimento com a causa já fazem muita diferença."
"E ainda que não seja o foco principal das empresas que implementam comitês de Diversidade, cada vez mais o mercado e a sociedade entendem e valorizam o fomento de acolhimento às diferenças, então todas as empresas, dentro e fora do meio jurídico, têm apenas a ganhar ao dispensar atenção a essa pauta", concluiu Bianca.