No último dia, 7, aconteceu o "Seminário Anual Da Comissão de Apoio á Departamento Jurídicos da OAB SP", onde um dos temas abordados foi "A inclusão racial nos departamentos jurídicos". Segundo o panorama de escritórios do Brasil feito pela ANÁLISE ADVOCACIA 2023/2024, apenas 3% dos escritórios têm sócios negros.
O debate contou com a presença de Dione Assis, fundadora do Black Sisters in Law, José Vicente, reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, e Marco Fortes, gerente jurídico da Smart Fit.
O reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares disse que, devido ao elevado número de denúncias de crimes raciais, foi necessário desenvolver uma ferramenta em parceria com o Procon-SP para ajudar a solucionar a problemática racial, surgindo, assim, a necessidade de dar vida ao PROCON Racial SP.
O consumidor que se sentir discriminado poderá receber atendimento psicológico e jurídico em um posto no campus da instituição.
O atendimento das denúncias é feito por estudantes de Direito da universidade, que, segundo o reitor, têm realizado intervenções de grande qualidade. Isso gera uma política pública voltada para pessoas negras, tornando-se um órgão espelho não apenas no estado de São Paulo, mas em todo o país.
Uma pesquisa feita pela empresa CEGOS, de treinamento e desenvolvimento, mostra que 75% das empresas brasileiras apontam o racismo como a principal discriminação no ambiente de trabalho, isso só no segmento empresarial.
De acordo com o e-book ANÁLISE ADVOCACIA DIVERSIDADE E INCLUSÃO 2023, no Brasil, 44% das bancas afirmam ter apenas um advogado negro em sua equipe. Segundo José, o projeto da faculdade ajuda a gerar mais confiança, e o aluno se prepara para o mundo jurídico. Conforme apurado no anuário ANÁLISE ADVOCACIA 2023/2024, a baixa contratação de advogados negros gera um distanciamento da equidade racial.
O gerente jurídico da Smart Fit, Marco Fortes, que é soteropolitano, afirma que 80% da população em Salvador é preta. Isso torna necessário entender que a Diversidade e Inclusão (D&I) não deve ser uma iniciativa apenas do setor empresarial. Em sua visão, é importante que o meio jurídico reconheça a necessidade de criar um ambiente mais diverso, o que se torna mais fácil quando o número é tão expressivo.
Dione Assis, fundadora do Black Sisters in Law, afirma que a garantia desses espaços para advogadas negras é tão importante quanto o pertencimento. Mais do que contratar, é necessário mantê-las, e para isso, é importante que se sintam pertencentes.
A advogada relata sobre alguns escritórios que têm criado uma espécie de "Bolsa Happy Hour" como práticas de diversidade e inclusão, proporcionando ao colaborador a oportunidade de estar em um momento de descontração, fortalecendo seus laços e criando network sem ferir o seu orçamento mensal.
Ao final do painel, foi ressaltada a importância de valorizar pequenas conquistas e reconhecer o avanço da luta racial dentro do meio jurídico.