Nesta quinta-feira, 14, o Programa Análise Advocacia realizou o último episódio do ano. Silvana Quaglio, diretora-presidente e publisher da Análise, e Alexandre Secco, sócio e conselheiro da editora, abordaram a enquete 'Perspectivas Jurídicas para 2024', realizada pela Análise. O levantamento feito pela editora proporcionou uma análise do ano de 2023, as expectativas de executivos e escritórios para o próximo ano, e destacou as áreas mais promissoras para 2024.
Silvana iniciou a conversa explicando a origem da ideia da enquete de perspectivas, destacando que, quando realizada pela primeira vez, trouxe resultados surpreendentes.
Ela complementa: "Resolvemos fazer essa enquete novamente para ver como foi 2023 e o que se espera para 2024. Com isso, podemos ter um bom termômetro".
BALANÇO DE 2023
Entre os dados revelados, foi possível identificar que nove em cada dez representantes de escritórios afirmaram que 2023 teve um saldo positivo. Secco reforçou que foi um ano muito bom para o mundo jurídico. "Também entre os executivos, 84% afirmando que o ano foi positivo é um show de otimismo. É uma grande festa imaginar que um setor tenha sido unânime em reconhecer que seu ano tenha sido tão bom", afirmou o sócio e conselheiro editorial da Análise.
O QUE ESPERAR PARA O PRÓXIMO ANO?
Silvana destacou que, com o resultado apresentado na enquete, principalmente pelos representantes das empresas, nos faz crer que o mercado será positivo em 2024. "Com 65% dos executivos esperando um bom ano, é algo muito positivo, pois eles estão em setores diversos da economia, e vemos uma certa linearidade entre os setores, e a perspectiva não é tão diferente. Mas é preciso ter cautela sempre, como diziam nossas nonas: cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém", comentou a jornalista.
A CEO da Análise elencou a reforma tributária como um dos motivos que faz com que seja necessário um pouco de atenção. "É necessário cautela, principalmente em um ano em que esperamos ver uma reforma tributária pela frente, um assunto que está na pauta há mais de 35 anos no país. E é um tema muito delicado, é muito sensível para todas as empresas, para todos os indivíduos e para os escritórios que prestarão serviços nessa área."
REFORMA TRIBUTÁRIA E SUAS OPORTUNIDADES
O fator externo elencados como o mais relevante entre os que vão interferir na prestação e contratação de serviços jurídicos foi a reforma tributária. Para Secco é justificável o tema estar em alta, dado as mudanças ocasionadas pela reforma. "Agora as empresas e escritórios imaginam que vão fazer negócios importantes para adequar o país a seus clientes às novas exigências", disse.
EXPECTATIVA DE CRESCIMENTO
Tanto executivos quanto representantes de escritórios afirmaram que terão crescimento ao longo do próximo ano. Alexandre Secco destacou que um em cada três representantes das bancas espera ter um crescimento de 20 a 30% em 2024. "É uma expectativa de crescimento muito robusta e nós torcemos muito para que esse crescimento se realize. Afinal de contas, esse é o nosso mercado, mercado em que atuamos com carinho. Quase 20 anos no mercado não é brincadeira. Todo ano, quando vejo esses números, eu acendo minha vela e torço para que eles deem certo", ressaltou.
Para Silvana, o fascinante de lidar com o mercado de advocacia é a oportunidade do segmento refletir a economia de todo o país. "Caso esses números se concretizem para os escritórios de advocacia, em geral, o reflexo está na economia inteira. Por isso, é tão apaixonante lidarmos com esse segmento, pois ele reflete toda a economia de um país."
ÁREA DIGITAL
Silvana fez uma provocação a Secco sobre a área digital, que não se destacou entre os pontos de atenção dos departamentos jurídicos, mas segue em alta entre os escritórios.
O advogado e jornalista pontuou que a digitalização dos negócios é um tema que ainda atrai muito a atenção do mercado jurídico. Ele se surpreendeu a todo instante com o nível de maturidade de algumas firmas na área de tecnologia. "Sentimos isso este ano; quando falamos de tecnologia, nossa audiência foi muito grande, houve muito interesse. Entregamos o prêmio Análise DNA+Fenalaw este ano com a categoria de tecnologia, que foi superconcorrida; esse assunto dentro dos escritórios está sendo discutido com uma intensidade muito grande", lembrou Alexandre.
MARKETING JURÍDICO
Outro ponto de destaque para as bancas foi o Marketing e a Publicidade: 46% dos escritórios afirmaram que esse será um dos focos de atenção. A CEO da Análise relembrou que há tempos o marketing era um tabu no mundo jurídico. "Ouvimos muito sobre a mercantilização da advocacia, que iriamos tornar a advocacia um produto de prateleira, e não é bem assim", ponderou Quaglio.
Secco destacou a atuação da Análise na desmistificação do tema e ressaltou que hoje ele é um pilar importante para a advocacia: "Temos tido um papel muito importante para mostrar para esse universo que marketing é uma coisa séria, que faz parte do negócio, que é uma ciência estudada nas universidades e, além disso, é uma ferramenta essencial de promoção de negócios".
SUSTENTABILIDADE
Entre os fatores que chamaram a atenção durante a conversa, foi a baixa preocupação com a sustentabilidade entre escritórios e empresas. Enquanto 32% dos executivos afirmaram que esse é um tema de relevância, apenas 17% das bancas tiveram o mesmo pensamento.
Para Silvana, o fato de os executivos estarem mais antenados a esse tema serve como uma espécie de alerta para os escritórios. Já para Secco, "é um tema que todos gostam de falar, todos acham legal, mas na hora de colocar em prática, o ânimo arrefece um pouco".
OFERTA X CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS
Um ponto de divergência na resposta de empresas e escritórios foi a oferta e contratação de serviços advocatícios. Enquanto 78% das bancas pretendem ampliar a oferta de serviços oferecidos ao mercado, apenas 8% dos executivos pretendem contratar mais serviços dos escritórios.
Secco afirmou que o mercado precisará se entender ao longo do ano, mas que há como conciliarem-se. "Eu fiquei muito curioso e já estou atento no que diz respeito à contratação de novos serviços. Enquanto há mercados a serem explorados, também há serviços a serem ofertados. Sejam serviços de adequação à LGPD, adequação ao ESG, e são áreas que os escritórios têm abraçado, são produtos novos", concluiu.