O último bate-papo de 2021 da TV Análise foi muito especial. Silvana Quaglio e Alexandre Secco receberam a ilustre presença de Roberto Quiroga, sócio-diretor do escritório Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr e Quiroga Advogados. Filho de imigrantes, o advogado abriu a conversa revelando sua antiga pretensão de cursar engenharia; seu pai — que era maître em um restaurante — o incentivava a cursar Direito e, certo dia, o levou até uma mesa para lhe apresentar dois famosos advogados, que o convenceram a trilhar o caminho da advocacia.
O professor relembrou seu início no Mattos Filho Advogados — em 1982, aos 21 anos —, como estagiário da área tributária. Ele afirmou que jamais pensou em como seria sua progressão profissional, mas aprendeu com seu pai a trabalhar com competências comportamentais. Tendo participado internamente do setor de cultura do diretório acadêmico, grupos e eleições, o sócio diretor destacou que foi desenvolvendo tanto habilidades comportamentais quanto técnicas. O resultado, segundo ele, foi a conquista do primeiro grande cliente, enquanto ainda cursava o terceiro ano da faculdade. Para Quiroga, a partir daquele momento, ficou clara a facilidade que tinha em se comunicar com os clientes.
Em 2009, de acordo com o advogado, a banca mudou a estrutura de governança e colocou em prática o conceito de managing partner. Ele afirmou que a jogada fez com que o escritório tivesse um grande upgrade e, logo, começaram a realizar ideias vindas de profissionais não ligados ao setor jurídico. O professor também ressaltou que o Mattos Filho é o único escritório no Brasil que divulga anualmente o faturamento; segundo Quiroga diz, tal prática mostra transparência, solidez e identidade.
Em meados de 2008 e 2009, Quiroga revelou que passou a perceber a ocorrência de conflitos entre profissionais da banca, muitos dos quais, eventualmente, se desligavam da firma. O sócio diretor, então, passou a pesquisar sobre o que poderia ser feito para resolver o problema; ele relatou ter feito diversas pesquisas acerca de estruturas utilizadas em escritórios internacionais, até encontrar o modelo modified lockstep. Em sua visão, o modelo é altamente colaborativo e contribui significativamente no crescimento da firma.
O professor explicou que, no sistema de remuneração denominado modified lockstep, existem dois modelos de pagamento: o por hora e o por faixas. Na opinião dele, trata-se de um recurso eficaz e estimulante para quem tem o perfil de buscar serviços, sem invalidar o trabalho dos profissionais que não possuem tal perfil e gerando competições saudáveis, que resultam num crescimento coletivo.
A parte final da live foi marcada pela abordagem do tema diversidade e inclusão dentro dos escritórios de advocacia. Quiroga declarou que os preconceitos existem e afetam grupos específicos de maneira mais intensa, como é o caso das mulheres no Direito. O professor enfatizou que a única forma de tratar a questão é assumir que existem discriminações e, a partir disso, buscar ferramentas que quebrem o preconceito.
Quiroga diz acreditar que a equidade racial vem mudando bruscamente. Ele também destacou a formação de alianças com outras bancas, além da criação de uma política afirmativa para tratar o tema. O advogado enfatizou o grande número de profissionais negros que atuam na banca, lembrando que ele era muito mais baixo há alguns anos. O sócio encerrou dizendo que diversidade é, além de tudo, uma questão estratégica e, para 2022, será criado um programa de recrutamento para advogados negros.