"Se nós não soubermos nos reinventar, nós seremos ultrapassados pelas novas realidades", afirma Carlos Roberto Siqueira Castro | Análise
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"Se nós não soubermos nos reinventar, nós seremos ultrapassados pelas novas realidades", afirma Carlos Roberto Siqueira Castro

O sócio-fundador do SiqueiraCastro compartilha sua experiência no Programa Análise Advocacia

8 de March de 2024 8h
Programa Análise Advocacia com Carlos Roberto Siqueira Castro

O Programa Análise Advocacia recebeu na última quinta-feira, 7, o sócio-fundador do escritório SiqueiraCastro, o Carlos Roberto Siqueira Castro, ambos eleitos Mais Admirados de forma recorrente no anuário ANÁLISE ADVOCACIA. Com quase 50 anos de escritório, o convidado compartilhou suas experiências profissionais, além de percepções do cenário jurídico atual no país.

Adaptação e transformação, para Siqueira Castro, essas são características essenciais para a atualidade. O advogado destaca que é necessário estar em uma constante mudança para não ficar para trás: "Com essas transformações tecnológicas frenéticas, disruptivas que nós vivemos hoje, se nós não soubermos nos reinventar, nós seremos ultrapassados pelas novas realidades. Então, o escritório de advocacia, ele experimenta um processo darwinista, o mercado de advocacia, em particular, é um mercado darwinista que nos impõe o desafio da transformação permanente".

Inteligência artificial

Um dos temas levantados por Silvana Quaglio e Alexandre Secco, respectivamente CEO e conselheiro editorial da Análise Editorial, foi o papel da Inteligência Artificial e o impacto que ela tem e terá no mercado jurídico. Siqueira Castro encara esses avanços como um desafio, para ele é necessário unir os conhecimentos do direito com os novos saberes que não necessariamente são jurídicos. "Eu acredito, sinceramente, que o nosso desafio é fazer uma junção, uma complementaridade entre o conhecimento clássico do direito, que é essencialmente o conhecimento da norma jurídica, da sua interpretação e aplicação, e da jurisprudência. Fazer a junção disso com os novos saberes e os novos saberes não são apenas jurídicos. Nós estamos falando da inserção, portanto, da economia das finanças na contabilidade do dia a dia da profissão, do advogado de empresa e dos nossos saberes de tecnologia. Nós temos que estar adaptados a isso".

Siqueira Castro ainda afirmou que é necessário para o advogado estar cada vez mais educado e conhecer os temas que permeiam a sociedade. "Quando me formei, em 1972, não estudei direito ambiental, não estudei compliance e tantas outras coisas, tantas matérias que foram surgindo. Não estudei legislação de proteção de dados, ninguém falava disso naquela época, e estudo hoje. Como profissional do direito, para ser completo, sou obrigado a conhecer razoavelmente", pontuou.

A americanização do direito

Carlos Roberto afirmou ser testemunha da evolução da advocacia; além disso, disse que o mercado de advocacia nacional seguiu os mesmos passos evolutivos das grandes economias, como os Estados Unidos, que durante o New Deal, programa de recuperação econômica adotado pelo governo norte-americano após a quebra da Bolsa de Valores em 1929, vivenciou um crescimento expressivo no mercado jurídico. 

"O Brasil passou também por esse processo, que eu chamaria de americanização da advocacia. No início dos anos 70 os grandes escritórios tinham 30 advogados, pouco mais do que isso, então nós tivemos uma aceleração do mercado de advocacia a partir dos anos 70, nos anos 80, nos anos 90, quando tivemos as privatizações no Brasil. Isso tudo levou ao incremento muito grande dos escritórios de advocacia, que se duplicaram, triplicaram e assim por diante", relembrou do sócio-fundador do SiqueiraCastro Advogados.

Porte do escritório

Atualmente, o SiqueiraCastro é uma das bancas com o maior volume de processos em tramitação no país. Para gerir uma massa tão grande de ações, o sócio sênior da banca afirmou ser necessária muita organização, além de investimento em tecnologia e controle de qualidade. "São centenas de legal opinions, de exames de contrato, de operações de M&A, pareceres tributários que estão sendo encaminhados diariamente aos nossos clientes. Então, nós temos que ter realmente uma verdadeira obsessão pela organização interna, pelas nossas prioridades, pelos nossos investimentos, sobretudo na área de tecnologia", explicou.

Carlos Roberto contou que, atualmente, a banca conta com 42% de colaboradores entre 30 e 40 anos. Segundo ele, esse dado vem atrelado a um desafio: Preparar rapidamente os jovens para exercer cargos de gestão e direção do escritório e integrá-los aos comitês. "O nosso desafio é de educação interna, de promoção de pessoas, porque senão, quando nós formos envelhecendo, não teremos feito as sucessões naturais, que são sucessões de conhecimento e de valores do escritório".

Lição aos jovens

Por fim, o advogado deixou um recado aos jovens que estão ingressando na advocacia. O sócio sênior do escritório destacou que é necessário sempre fazer o bem e buscar excelência no que faz. "As pessoas que envelhecem cedo, se amarguram cedo, se desacreditam na humanidade cedo, são pouco felizes. Então, sejam felizes! Façam o bem, sejam advogados do bem, trabalhem com pessoas que tenham algum tipo de exemplaridade para a melhoria do progresso humano e do avanço civilizatório".

"Sejam competentes, estudem direito, leiam todo o aresto e o acórdão e não só a ementa. Conversem em profundidade com os clientes, procurem conhecer com profundidade o negócio dos clientes, o mercado dos clientes. Não adianta querer oferecer um produto que não interesse e que não agregue valor aos clientes, às empresas, procurem oferecer serviços que agreguem valor, que criem sinergias empresariais. E procurem ser os melhores na sua profissão", concluiu.

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