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Programa Análise Advocacia promove encontro de Roberto Quiroga e Tito Andrade

Os sócios compartilharam as expectativas do meio jurídico em relação à incorporação de novas tecnologias e estabeleceram uma relação entre a administração dos escritórios brasileiros e americanos

7 de December de 2023 14h
Negócios da Advocacia - Mattos Filho e Machado Meyer debatem sobre modelos e concorrência

Que a inteligência artificial está mudando a realidade do trabalho jurídico ninguém discute. Mas como as novas ferramentas de IA são de fato incorporadas ao dia a dia dos escritórios de advocacia?

Tito Amaral de Andrade, sócio-administrador do Machado Meyer, e Roberto Quiroga Mosquera, sócio-diretor do Mattos Filho, foram os convidados do Programa Análise Advocacia desta quinta-feira, 7, para responder a essas e outras perguntas envolvendo o futuro da profissão.

O produto ao qual o advogado se refere é utilizado para a revisão de documentos e, atualmente, conta com cerca de 450 profissionais treinados para operá-lo. Neste ano, o software foi utilizado mais de 10 mil vezes e sempre se mostrou eficaz, segundo Tito. "A inteligência artificial vai evoluir. A gente vai ter a IA chamada neuro-simbólica, que vai aportar raciocínio lógico, e você tem um manancial de informação muito grande, jogando os modelos preditivos para frente."

O sócio-fundador do Mattos Filho concordou que a parte de tecnologia é estratégica em qualquer escritório de advocacia. Segundo Quiroga, uma das quatro diretorias da sua banca é dedicada ao tema. O Attix, programa que facilita a conexão de startups com empresas, foi citado pelo advogado como uma ferramenta de conhecimento do mercado. No Prêmio Análise DNA+FENALAW 2023, entregue em outubro, o Attix conquistou o primeiro lugar na categoria Inovação.

Sobre os efeitos da inteligência artificial nos escritórios, Quiroga projetou um futuro promissor, mesmo que entender as ferramentas se mostre difícil. "Hoje, todos nós da área jurídica estamos cientes da importância [da tecnologia], muitos já estão tomando ações. O que a gente acha, e eu também já ouvi de outros CEOs americanos de escritórios de advocacia, é que, na verdade, a IA só vai gerar mais ganho no mundo e na área jurídica."

De escritórios para empresas de tecnologia que prestam serviços jurídicos, Tito e Quiroga contaram como suas bancas se preparam para essa transformação. Investimento e cautela foram os dispositivos ressaltados por Tito, que alertou sobre a tentação de desenvolver muitos projetos e não conseguir dar a devida atenção a nenhum.

"O time [de tecnologia] faz uma primeira avaliação da viabilidade e interesse do escritório, e à medida que as etapas avançam, concluímos o custo-benefício, incluindo quanto de recurso financeiro e pessoal será aportado para que aquilo evolua. Dessa forma, conseguimos fazer uma curadoria especial para evitar alguns problemas, como ter projetos demais e aprovar naquele afã, mas não ter capacidade de dar vazão, ou o oposto, não ter projeto e as pessoas se sentirem desmotivadas", disse Tito.

Entrando no âmbito da concorrência, Quiroga destacou o crescimento do mercado jurídico e a falta de competição entre os full-service. "O problema da concorrência é que os escritórios brasileiros, mesmo os 12 maiores, são ainda muito diferentes sob o ponto de vista de modelo de negócio. Isso faz com que a concorrência fique bem desproporcional porque cada um adota modelos de negócio diferentes". 

O advogado ainda comparou o cenário nacional com o americano. "Nos EUA, o mercado é muito fungível, os 30 maiores escritórios americanos são muito parecidos em modelo de negócio. A diferença está na expertise de um caso e determinada área".

Quando o assunto são finanças, encontros regulares para apresentação de números a sócios e advogados são tradição no Machado Meyer, enquanto o Mattos Filho busca identificar métricas de faturamento.

Metas boas são as arrojadas, aquelas que incentivam os profissionais a buscarem melhor qualificação. Segundo Quiroga, o assunto é discutido regularmente no escritório: "As metas são fundamentais. Nós, tenho certeza de que mais escritórios também, seguimos isso porque são importantes para atingir os objetivos financeiros e qualitativos".

A respeito das áreas que prometem agitar o próximo ano na advocacia, Tito elencou algumas que geram mais expectativa em sua equipe. "A reforma tributária está vindo aí, o que deve gerar muito trabalho daqui para frente. Temos muita lei complementar e é sempre nosso carro-chefe. O contencioso está muito forte. A infraestrutura lidera uma agenda, principalmente em São Paulo. Na área de renováveis e tudo que lida com a transição energética, estamos vendo muita força em 2024."

Os advogados também compartilharam dicas para a gestão das bancas e sobre o real papel de um CEO dentro de um escritório de advocacia. Ambos concordam e destacam a importância do planejamento, autoconhecimento e da organização em suas funções.

Transmitida ao vivo na TV Análise, canal do YouTube da Análise Editorial, a edição foi a penúltima da temporada 2023 e foi apresentada pela diretora-presidente e publisher, Silvana Quaglio, e pelo sócio e conselheiro, Alexandre Secco.

Desde a primeira edição do anuário ANÁLISE ADVOCACIA, publicada em 2006, Quiroga tem sido eleito como um dos advogados Mais Admirados pelos executivos das maiores empresas do país. No entanto, Tito também entrou no radar empresarial, recebendo o título a partir da edição de 2018. Os escritórios de ambos continuam sendo admirados ininterruptamente desde o primeiro mapeamento.

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