A Live Análise desta quinta-feira (22) abordou a vida do executivo financeiro nos tempos atuais e a desconstrução do perfil tradicional de quem atua nessa área, dando espaço para novas responsabilidades e maior participação no negócio como um todo. Participaram do encontro Joel Makohin, gerente financeiro da Coamo e Ricardo Salera de Carvalho, superintendente de finanças e controle da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), ambos integrantes da lista dos profissionais de finanças Mais Admirados em 2020. Com mediação de Silvana Quaglio, diretora presidente e publisher da Análise Editorial, a conversa também contou com comentários de Ligia Donatelli, gerente de pesquisa e distribuição da editora.
Joel, que aos 16 anos já atuava no ramo financeiro, relatou que a experiência de iniciar sua carreira numa empresa de administração familiar trouxe um aprendizado muito grande, pois o proprietário gosta de ter uma relação mais próxima com quem cuida de suas finanças. E é justamente a questão da humanização que o executivo destaca: para ele, estar mais próximo dos profissionais de diversos setores da organização é essencial, em especial da área de recursos humanos, com a qual ele diz que gostaria de ter criado laços mais cedo em sua trajetória como líder financeiro.
Na mesma linha, Ricardo explicou que a posição de head de finanças está cada vez mais estratégica, pois demandas de outros departamentos acabam passando pelo financeiro e, portanto, é necessário que o profissional desta área expanda sua atuação. O executivo, que aos 12 anos já trabalhava como office boy, iniciou sua carreira no mercado de finanças como auditor, passando por diversas empresas e flutuando entre os cargos de controller e diretor financeiro, antes de assumir a missão de repaginar a área financeira de sua companhia atual.
Durante o bate-papo, Ligia abordou duas questões extremamente relevantes: como é o novo perfil do executivo financeiro, que está surgindo nos últimos anos, e qual a visão dos convidados sobre a inclusão e diversidade dentro do departamento de finanças, mais especificamente sobre a quantidade de mulheres dentro dele. Joel ressaltou a necessidade da conexão entre todas as áreas, visto que é impossível a empresa atingir seu potencial máximo com um head financeiro que vive numa "redoma de vidro" e não escuta as necessidades de outros setores, não contribuindo para que toda a companhia esteja na mesma sintonia. Ricardo concordou e complementou, dizendo que é triste ver organizações que enxergam o financeiro unicamente como responsável por contas a pagar e receber, limitado ao cálculo de impostos, pois isso as impede de aproveitar as informações e análises decorrentes do departamento.
Já sobre a questão da equidade de gênero no setor financeiro, os executivos comentaram que a dominância masculina, fruto de um histórico notadamente machista, tem prazo de validade. Ricardo relatou que, atualmente, possui mais mulheres do que homens em sua equipe e, quando ministra uma aula ou palestra voltada ao mercado de contabilidade, cerca de 90% do público é feminino; para ele, em dez anos, o cenário de finanças estará bem diferente do atual. Joel também reconheceu que, mesmo o setor de Agronegócio sendo majoritariamente masculino e sua empresa tendo poucas líderes femininas no momento, a "nova safra" de profissionais possui muitas mulheres capacitadas. Ele acredita que o processo natural de evolução, atrelado à promoção da igualdade de gênero, impulsionará mais mulheres a posições corporativas expressivas.
Confira também como cargos de liderança no departamento financeiro têm ganhado mais responsabilidades fazendo com que os profissionais do setor questionem sobre a remuneração.