O segundo episódio da nova temporada do "Bate-papo com Análise" foi especial por marcar o lançamento do ranking Análise Advocacia Mulher. Além disso, o evento online ocorrido na manhã desta quinta-feira (11) promoveu um debate sobre a presença feminina na advocacia e os dilemas enfrentados pelas advogadas no exercício da profissão. Participaram da conversa Elisa Gantois Novis, sócia do Bomfim Novis Advogados, Silvia Zeigler, sócia do Zeigler e Mendonça de Barros Sociedade de Advogados e Vanessa Giersztajn, advogada do Inglez, Werneck, Ramos, Cury e Françolin Advogados (IWRCF). Alexandre Secco, sócio e consultor da Análise Editorial, foi o mediador; os comentários foram de Silvana Quaglio, diretora-presidente e publisher da editora.
Produzido a partir de um novo recorte do tradicional Análise Advocacia, que ranqueia há 15 anos os escritórios e advogados Mais Admirados, na opinião de executivos jurídicos e financeiros das maiores empresas do país, o Análise Advocacia Mulher destaca somente as advogadas. São 1.123 profissionais eleitas Mais Admiradas, sendo que 531 delas são estreantes. A lista completa pode ser conferida na "Busca +Admirados".
Para Silvana, o novo ranking tem grande importância por "colocar a mulher advogada em um lugar que ela merece estar". Ao lembrar da primeira edição do anuário Análise Advocacia, lançada em 2006, a publisher mencionou que as mulheres representavam 14% dos integrantes das listas. Atualmente, elas formam um quarto de todos os eleitos. Ao passo que Secco explicou: "após muitas conversas, chegamos à conclusão de que algum tipo de ação afirmativa talvez fosse uma contribuição que nós pudéssemos dar para lançar luz às profissionais que uma parte do mercado insiste em não ver".
Elisa classificou a iniciativa da editora em organizar um novo recorte como positiva diante da dificuldade da sociedade em estabelecer um ambiente mais igualitário entre os gêneros. Para ela, a chancela da Análise também transmite uma mensagem de conforto para parte do mercado que ainda se sente desconfortável em ser assessorado por advogadas. No mesmo sentido, Silvia - que esteve presente nas 15 edições do Análise Advocacia original - parabenizou a editora pelo novo recorte de profissionais Mais Admiradas e opinou que o material pode combater percepções negativas que até as próprias mulheres podem ter sobre si.
Durante o bate-papo, todas concordaram que a ideia de tratamento diferenciado não se sobressai sobre a importância simbólica de expor mulheres em posição de liderança e reconhecimento pelo mercado. Essa, inclusive, foi a ideia defendida por Vanessa, representante das estreantes. Com cinco anos de carreira, a advogada apontou o potencial incentivador do Análise Advocacia Mulher.
Realizado na semana em que é celebrado o Dia Internacional da Mulher, o debate trouxe outros números sobre a presença feminina na advocacia. Segundo dados mais recentes levantados pela equipe de pesquisa da editora, 54% de associados são mulheres nas equipes de escritórios Mais Admirados em 2020; entre os sócios, elas são 30% - um volume que não mudou muito ao longo dos 15 anos do mapeamento. Além disso, Silvana também compartilhou que 42% dos escritórios Mais Admirados optaram por não informar se adotam programas internos de diversidade e inclusão. Dentre os 40% que afirmaram implantar alguma medida nesse sentido, a ação mais frequente é a busca por equiparação salarial.
Ao compartilhar suas impressões, Elisa defendeu que ainda vê a necessidade de um maior esforço por parte das mulheres para se destacarem no mercado, em comparação aos homens. A sócia do Bomfim Novis Advogados também revelou que já foi diminuída publicamente por um advogado sênior durante uma reunião de trabalho. Vanessa, por sua vez, compartilhou uma visão mais positiva sobre a atuação da mulher na advocacia por acreditar que elas estão se saindo bem ao administrar as tarefas da vida pessoal com a rotina de trabalho.
No momento em que a questão do volume considerável de novos escritórios de advocacias liderados por mulheres surgiu, Silvia mostrou-se como exemplo. A sócia-fundadora do Zeigler e Mendonça de Barros Sociedade de Advogados afirmou acreditar que, atualmente, não há grandes diferenças de gêneros nas áreas de advocacia, mas lembrou que essa discrepância era bem mais acentuada no Direito Público, um cenário que vem mudando há pouco tempo. Além disso, as convidadas concordaram que o papel masculino no cuidado com o lar e a família tem contribuição decisiva para que as mulheres possam se dedicar e crescer na carreira.
Após o fim da transmissão ao vivo, o conteúdo exclusivo do Análise Advocacia Mulher foi publicado em formato e-book.