DESAFIO
Ao longo do primeiro semestre de 2024, o Pessoa & Pessoa Advogados percebeu que muitos clientes corporativos deles, mesmo tendo processos distribuídos em todo o país, não possuíam uma estrutura robusta de dados e de inteligência dentro dos departamentos jurídicos. Mesmo empresas que lidam com elevado volume de ações judiciais, parte delas advindas de práticas de litigância abusiva, não estavam organizadas para lidar com esse desafio de forma estruturada, com dados qualificados e estratégia integrada. Cada nova ação judicial era tratada de forma isolada, sem que se pudesse enxergar padrões de comportamento ou identificar, com precisão, práticas predatórias de determinados autores e advogados.
O resultado era previsível: uma escalada de ajuizamentos abusivos, custos crescentes e a sensação de que a justiça era um jogo de números.
Para um escritório com mais de quatro décadas de história, presente em diversas áreas e com atuação nacional, ter "apetite por inovação" está no DNA.
A missão: Oferecer as melhores soluções jurídicas de forma objetiva, ética e qualificada, contribuindo para a competividade de nossos clientes e o desenvolvimento de nossos talentos. Essa tarefa exigia criar uma solução que fosse além da defesa reativa das demandas.
O escritório possui a mais de 5 anos uma atuação estruturada, amparada por tecnologia e metodologias ágeis de gestão, no monitoramento de atividades predatórias nas carteiras dos nossos clientes, além investigações aprofundadas de cada advogado monitorado, com evidências e fundamentações robustas, e todo aparato estratégico e técnico para combate direto. Essa atuação culminou há 02 anos na criação do Núcleo de Inteligência do escritório, composto por equipe multidisciplinar de mais de 20 pessoas, com expertises em data analytics, desenvolvimento de sistemas, IA, investigações profissionais, além da técnica trabalhista, administrativa, cível e criminal. A "Pepê Antifraude", ferramenta batizada com o nome do avatar corporativo do escritório, sem dúvidas, é um grande diferencial, pois possibilita escalar esse trabalho, com organização qualificada dos dados, testes de fraudes documentais com uso de Inteligência Artificial e indicativos de atividade predatória parametrizados via sistema.
A princípio, o referido Núcleo dava suporte à gestão de carteiras geridas pelo escritório, sobretudo de massificado cível. Porém, eles perceberam que vários clientes demandam análises e investigações de advogados com indícios de comportamento abusivo, mas sem um entendimento completo e estruturado, por falta de estrutura interna e de tecnologia adequada para isso. E essa necessidade transcendia a carteira de ações que o escritório patrocina, era uma necessidade de jurídico corporativo como um todo.
SOLUÇÃO
Observando essa necessidade dentro dos departamentos jurídicos, o escritório criou o "BPO - Serviço de Inteligência", com objetivo de prestar para toda a carteira de contencioso do cliente um serviço estruturado de monitoramento, investigações e combate à litigância abusiva. Abarcando toda expertise técnica e tecnológica do Núcleo de Inteligência do escritório como um "braço" do departamento jurídico. Nessa atuação eles não cuidaram meramente da carteira de ações sob o patrocínio deles, mas sim sobre todo o estoque de ações do cliente. Inclusive, eles têm expandido a atuação para prestar este serviço em carteiras trabalhistas e, também, via associações que representam segmentos inteiros de mercado.
O escritório montou uma estrutura de dados que conecta diretamente ao ERP do cliente, seja via API ou RPA, e extrai, em tempo real, todas as informações relevantes. O processamento desses dados é feito em diversas camadas:
1. Coleta, análise e monitoramento de dados - Construiram dashboards e BI que monitoram, 24 horas por dia, a base de processos do cliente. Observaram variáveis como volume de ações por advogado, evolução do estoque de processos, número de autores com demandas fracionadas e atuação em diversas comarcas. Esses indicadores os permitem identificar curvas de ajuizamento suspeitas e outros sinais de comportamento abusivo.
2. Investigação profunda da atividade agressora - A partir dos sinais coletados, eles classificaram os advogados e partes contrárias que representam maior risco. Para cada potencial ofensor, elaboraram um projeto específico: a IA foi utilizada para analisar documentos processuais, o escritório fez a triagem conforme a Recomendação nº 159 do CNJ e realizou investigações digitais e externas para entender a estrutura de captação e atuação dos escritórios monitorados.
3. Laudo detalhado e plano de ação - Ao final, foram produzidos relatórios circunstanciados com todos os indícios de litigância predatória. Esses laudos subsidiam a adoção de medidas judiciais, extrajudiciais ou regulatórias: notificações extrajudiciais, ajustes de políticas internas de acordos e, quando necessário, ajuizamento de ações inibitórias.
IMPLEMENTAÇÃO
A implementação foi planejada em parceria com cada cliente. A integração com o ERP ocorre de maneira segura, por API ou RPA, exigindo apenas liberação de credenciais. Em poucas semanas, o núcleo de inteligência estava alimentando o BI com dados estruturados, historicamente inviáveis de serem tratados manualmente. O uso de inteligência artificial reduziu drasticamente o tempo de leitura de peças processuais e permitiu que a equipe focasse na análise qualitativa e estratégica das informações. Todo o fluxo é acompanhado por indicadores de segurança e conformidade, garantindo a proteção de dados sensíveis.
RESULTADO
Os efeitos do BPO - Serviço de Inteligência foram imediatos e mensuráveis:
• Redução de 83 % no volume de novos ajuizamentos de casos monitorados. Ao comparar a média mensal de ações ajuizadas pelos advogados-alvo no primeiro semestre de 2024 com o mesmo período de 2025, observou-se uma desaceleração drástica no ritmo de ajuizamentos.
• Queda de 26 % na carteira geral de processos do cliente em apenas 18 meses, resultado da adoção de medidas como notificações extrajudiciais, ajustes na política de acordos e ações inibitórias.
• Tomada de decisões informadas: Os relatórios de inteligência permitiram ao cliente rever estratégias, identificar ofensores reincidentes e ajustar políticas internas de forma proativa.
• Cultura orientada a dados: O sucesso da iniciativa impulsionou outras áreas a adotarem BI e automações, criando um ciclo de inovação contínua. Mais do que números, o projeto trouxe um novo paradigma: o escritório transformou informações soltas em estratégia jurídica. Honraram a tradição de 45 anos e o compromisso com a inovação, mostrando que é possível unir experiência, tecnologia e inteligência de dados para proteger clientes de práticas abusivas e contribuir para um ambiente de negócios mais justo.
O "BPO - Serviço de Inteligência" demonstra como a advocacia pode evoluir ao incorporar tecnologia e métodos ágeis de gestão, de forma moderna, ética e estratégica. Em um mercado que exige e valoriza cada vez mais soluções robustas, execução estruturada e resultados concretos. É uma prova viva de que a advocacia corporativa pode — e deve — ser protagonista da transformação digital do setor jurídico.