Agente Rui - Inovação jurídica com IA generativa e governança de dados | Análise
Análise

Agente Rui - Inovação jurídica com IA generativa e governança de dados

23 de October 18h30

Responsáveis pelo projeto: Rogério Pires de Queiroz Oliveira Filho (especialista de IA e inovação), Ana Flávia Machado (head de IA e inovação), Cleber Neves (gerente de projetos), Carina Duarte (especialista de projetos e processos), Benedito Donato (diretor jurídico), Carmen Bom Rocha (gerente jurídico - contencioso), Luiz Sergio Salviano (gerente jurídico - eficiência jurídica) e Nathalia Neves (líder eficiência jurídica) da Wam Group

DESAFIO

O Departamento Jurídico da Wam Group enfrentava desafios operacionais e estratégicos significativos relacionados à gestão de um acervo superior a 20 mil processos judiciais e administrativos. Entre os principais gargalos estavam o volume elevado de tarefas manuais e repetitivas, a falta de padronização nos fluxos internos e na base de dados processual, além da dificuldade em manter a base processual limpa, atualizada e auditável.

Havia também imprecisão na aferição dos honorários dos escritórios externos, o que gerava incertezas quanto à acurácia do faturamento. A alta demanda por consultas frequentes em tribunais, jurisprudência e alterações em massa no sistema jurídico, aliada à ausência de uma integração sistêmica efetiva, comprometia a capacidade de extração de insights estratégicos e limitava a atuação do jurídico como agente de valor na companhia.

O objetivo central foi reposicionar o departamento jurídico como uma área de alta performance, orientada por dados, tecnologia e governança operacional, promovendo a transformação digital e autonomia processual por meio do desenvolvimento de um agente digital de inteligência artificial.

SOLUÇÃO

A solução adotada foi o desenvolvimento do Agente Rui, um agente jurídico digital baseado em IA generativa, especialmente treinado para a complexidade e particularidades dos dados jurídicos da organização. Projetado para automação, assertividade e inteligência operacional, o Agente Rui une a tradição jurídica à disrupção tecnológica — e seu nome homenageia o jurista Rui Barbosa.

IMPLEMENTAÇÃO

A ideia para o Agente Rui nasceu de uma escuta ativa entre a área de Inovação e a liderança jurídica, que compartilhou dores operacionais e o desejo de transformar o departamento jurídico em um centro de excelência tecnológica. Foram consideradas alternativas como automações pontuais ou contratação de ferramentas de mercado, mas, diante do alinhamento estratégico com a diretoria, do momento de maturidade da empresa com IA e do objetivo de redução de custos, optou-se pelo desenvolvimento interno de uma IA própria, com arquitetura voltada para cobrir de forma robusta os processos e sistemas já utilizados pelo jurídico.

A implementação seguiu as melhores práticas consolidadas no PMBOK e CBOK, com envolvimento direto das áreas de Inovação, Jurídico e Projetos. As etapas principais incluíram:

  1. Mapeamento das dores críticas do departamento jurídico, com foco em eficiência, governança e segurança da informação;
  2. Definição da arquitetura técnica do agente, com estrutura de dados, integrações, workflows e camadas de segurança;
  3. Treinamento do modelo de IA, com base em linguagem jurídica e nos fluxos reais da operação jurídica;

Criação e implementação de integrações sistêmicas com foco em automação e assertividade:

  1. Projuris (via APIs do fornecedor): utilizado para captura, atualização, arquivamento e alteração em massa de processos, viabilizando a automação de rotinas como controle de prazos, requisições contratuais e saneamento de dados diretamente pelo Agente Rui;
  2. DataJud - CNJ (via automação de APIs públicas): usado para consulta automatizada de processos em todos os tribunais, sem necessidade de acesso manual aos portais, o que permitiu a limpeza da base e visibilidade sobre processos efetivamente ativos;
  3. Jurisprudência STF (via API própria de web scraping): desenvolvida internamente para extração em tempo real de precedentes relevantes diretamente do site do STF, a partir do contexto das perguntas feitas ao agente de IA;
  4. WhatsApp (via Evolution API): permitiu a criação de um canal interativo com o usuário jurídico, por onde o Agente Rui pode responder consultas, receber arquivos e executar atividades integradas aos sistemas jurídicos.
  5. Criação de dashboards automatizados, com indicadores de performance e auditoria;
  6. Rollout progressivo, com plano de comunicação, suporte técnico e gestão da mudança para adesão dos usuários jurídicos.

RESULTADO

Após a implantação do projeto, estima-se uma economia superior a R$ 1 milhão por ano, resultado da redução da dependência de escritórios externos, eliminação de retrabalhos e aumento expressivo da produtividade interna. A iniciativa também possibilitou a construção de uma base jurídica limpa, estruturada e auditável, promovendo governança de dados e rastreabilidade dos processos com alto grau de confiabilidade.

Houve significativa evolução no controle de honorários dos escritórios parceiros, com validação precisa dos serviços faturados. Além disso, mais de 20 mil processos foram atualizados automaticamente, com acurácia superior a 98%, otimizando tempo e reduzindo erros operacionais.

A resposta jurídica a órgãos reguladores, como o Procon, passou a ocorrer em até 48 horas — um salto de eficiência em comparação com o prazo anterior de cinco dias. Internamente, a satisfação da equipe jurídica também aumentou, com a realocação de esforços para atividades técnicas e de maior valor estratégico.

O projeto elevou a capacidade analítica do departamento jurídico, permitindo o uso dos dados jurídicos de forma preditiva e orientada à tomada de decisões, contribuindo diretamente para a prevenção de litígios. Trata-se de um modelo replicável, com potencial de ser adaptado a outras áreas e departamentos da organização.

Por fim, a iniciativa consolidou o Agente Rui como um ativo estratégico da empresa, posicionando o departamento jurídico como um verdadeiro hub de inteligência e eficiência. O projeto fortaleceu a cultura de inovação, demonstrando que a integração entre tecnologia e conhecimento jurídico, com visão de futuro, é capaz de gerar valor mensurável e sustentável para o negócio.

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