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Análise

SEO com inteligência artificial funciona mesmo na advocacia?

Por Priscilla Adaime, sócia fundadora da Markle Comunicação e Marketing Jurídico

22 de October 9h35

A inteligência artificial está mudando o jogo da comunicação em todos os setores, inclusive na advocacia. De repente, conteúdos jurídicos aparecem em segundos, com palavras-chave bem posicionadas e estrutura impecável para ranquear no Google. Para muitos escritórios, isso soa como a solução perfeita, produzir mais com menos esforço, mas será que o SEO gerado por AI entrega realmente resultado ou apenas parece funcionar?

Primeiro, é preciso entender o que faz o SEO funcionar. Não basta apenas repetir palavras-chave ao longo do texto. Isso porque o Google já não se impressiona com repetições mecânicas. O algoritmo atual reconhece quando um conteúdo foi produzido apenas para manipular os mecanismos de busca e desconsidera textos que soam forçados, artificiais ou genéricos. O que realmente importa é a qualidade da informação oferecida. O buscador prioriza conteúdos que são relevantes, úteis e bem estruturados, que esclarecem dúvidas reais do usuário e demonstram domínio sobre o tema. Portanto, usar as palavras certas é importante, mas de forma natural, contextualizada e com profundidade.

A AI pode ajudar nesse processo, especialmente na construção de pautas, na organização de subtítulos e até mesmo na sugestão de formatos ideais para a leitura online. Ela também agiliza a produção e permite manter uma frequência de publicação, algo essencial para manter o site ativo e atrativo aos algoritmos.

Contudo, quando usada sem critério, a AI entrega exatamente o oposto do que o Google espera. Muitos dos textos gerados por ferramentas automáticas carecem de profundidade jurídica, utilizam conceitos legais de forma equivocada e chegam a confundir termos técnicos fundamentais do Direito. Além disso, esses conteúdos muitas vezes não têm nenhuma conexão com a realidade do escritório ou com os problemas enfrentados pelos seus clientes. Isso enfraquece a credibilidade do conteúdo e pode inclusive prejudicar a reputação online do escritório. Mais do que ranquear, um conteúdo precisa reter o leitor. E nesse ponto, só a experiência humana é capaz de dar o tom correto.

Outro ponto delicado é a duplicação de conteúdo. Muitos escritórios acabam usando as mesmas ferramentas e, sem ajustes, publicam textos muito semelhantes. Isso é um erro grave. O Google penaliza sites que apresentam conteúdos iguais ou com baixa originalidade. O risco é grande, em vez de impulsionar o SEO, o uso desatento de AI pode afundar o site nas últimas páginas de busca. Por isso, a revisão humana não é um luxo, é uma etapa obrigatória.

Por outro lado, quando bem utilizada, a inteligência artificial pode ser uma excelente aliada. Escritórios que usam a AI como ponto de partida, mas que ajustam os textos com a visão técnica dos advogados e com o olhar estratégico do marketing, conseguem resultados muito mais sólidos. É possível produzir conteúdos claros, relevantes, com personalidade e, ao mesmo tempo, estruturados para agradar aos buscadores. O segredo está no equilíbrio, automatizar o que pode ser automatizado, mas manter o toque humano onde ele faz diferença.

Ao final das contas, SEO com AI funciona, mas não sozinho. Funciona quando há uma estratégia clara, quando se conhece bem o público-alvo e quando os conteúdos são tratados como ativos de marca, e não como textos genéricos para encher o blog. O site de um escritório é uma vitrine. Ele precisa informar, convencer e gerar confiança. A inteligência artificial pode abrir a porta, mas é o conteúdo autêntico que convida o cliente a entrar.

Priscilla Adaime é sócia fundadora da Markle Comunicação e Marketing Jurídico. Graduada em Comunicação Social pela FIAM/FAAM. Pós-graduada em Comunicação, Web e Marketing pela Faculdade Cásper Líbero. Especialista em Jornalismo pela New York University (NYU). Ex-Integrante do Grupo de Pesquisa: Comunicação e Cultura da Rede TECCRED (2013).

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