Uma transformação contundente e cada vez mais visível vem redesenhando a forma como os serviços jurídicos são prestados no mundo todo. Em meio à pressão por eficiência, redução de custos e maior especialização, empresas e departamentos jurídicos estão adotando modelos mais flexíveis de contratação — com destaque para o secondment jurídico.
Mais do que uma tendência, o secondment se consolida como um modelo global de sucesso: nele, advogados são alocados temporariamente dentro das empresas para atuar como parte do time jurídico interno, por tempo determinado, com escopo claro e resultados mensuráveis.
Uma prática consolidada em grandes mercados
Nos Estados Unidos, Europa, Austrália e Índia, o secondment jurídico já é prática comum. Empresas como Axiom, LOD, LawFlex e unidades como Peerpoint (Allen & Overy) ou Konexo (Eversheds) são referências mundiais. Escritórios tradicionais, startups jurídicas e até as Big Four passaram a oferecer advogados sob demanda como parte de suas soluções para o setor jurídico corporativo.
O que move esse modelo?
* Substituição temporária de advogados
* Suporte em projetos estratégicos
* Picos de demanda que exigem reforço qualificado
* Geração de eficiência sem expansão da folha de pagamento
Além disso, a tecnologia tornou-se aliada estratégica: plataformas digitais e IA ajudam a selecionar talentos, monitorar desempenho e acelerar entregas jurídicas.
E no Brasil?
O movimento já chegou por aqui. Com o crescimento dos departamentos jurídicos internos, a busca por alternativas à contratação tradicional de escritórios ou ampliação da equipe fixa tornou-se urgente.
Modelos como o secondment vêm se consolidando como resposta real a esse cenário — trazendo flexibilidade, agilidade e especialização sem ampliação da folha de pagamento.
O que aprendemos com os benchmarks globais
* A importância do match certo entre advogado e cliente — considerando não apenas a técnica, mas o perfil comportamental
* A oferta de contratos e escopos flexíveis, adaptados à realidade de cada empresa
* O uso de ferramentas tecnológicas para trazer eficiência, visibilidade e segurança
* A necessidade de acompanhamento contínuo e cultura de feedback
* A valorização da experiência do cliente e do advogado, com foco em longo prazo
O futuro é colaborativo, flexível e estratégico
O secondment jurídico não é apenas um modelo de alocação. É uma nova forma de colaboração entre escritório e empresa, mais próxima, mais fluida e mais alinhada aos objetivos de negócio.
Se a sua empresa ainda não experimentou os benefícios desse modelo, o momento é agora.
Gustavo Viseu é CEO do Viseu Advogados, mestre em Direito (LL.M.) pela Universidade de Boston e especialista em Gestão do Contencioso de Massa pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
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