O presidente e CEO do escritório de advocacia Buchalter, Adam Bass, disse à plataforma The American Lawyer que é firmemente contra os sócios sem capital, considerando esses advogados como "falsos sócios", nas suas palavras.
O Buchalter, fundado em 1933 na cidade de Los Angeles nos EUA, ocupa a posição 195 entre os maiores escritórios do mundo com receita anual estimada em 292 milhões de dólares, possui 474 advogados sendo que desses 210 são sócios patrimoniais, ou seja, de capital.
Adam Bass, presidente e CEO do Buchalter, questionou como um sócio, que por definição implica possuir quotas em um escritório, pode existir sem ter uma participação financeira nela, mas observou que está ciente de que alguns escritórios oferecem esse nível como uma opção para advogados que talvez não queiram seguir a carreira de sócio.
O Buchalter opera com um único modelo de acionistas, o que significa que seus principais advogados também são coproprietários da banca, e tem sido assim durante a maior parte de sua existência disse Bass. "Não temos acionistas não patrimoniais; todos os acionistas podem ser apenas patrimoniais", acrescentou.
"O Buchalter não tem sócios falsos. O escritório é uma organização empreendedora com um sistema de remuneração baseado em desempenho", disse Bass. "Todos os sócios são tratados e valorizados como proprietários, o Buchalter é uma meritocracia onde todos os acionistas têm a oportunidade de ser o melhor que podem ser e alcançarem os níveis mais altos."
Bass acrescentou que Buchalter se beneficia desse modelo, pois permite que os sócios acionistas ajam e pensem como donos do escritório.
Alguns escritórios criaram o nível de sócio sem capital para ajudar o aumento nos lucros que ocorre quando esses profissionais têm uma hora trabalhada mais alta na condição de acionistas do escritório, observou Katherine Loanzon, diretora administrativa da Kinney Recruiting, uma empresa recrutadora de advogados. Ela afirma que o sistema de dois níveis de sócios requer "clientes que possam pagar honorários mais altos" e "muito trabalho chegando".
Escritórios com um único nível de sócio, ou seja, os sócio de capital, reconheceram esse fato. "Sabemos que os que operam no sistema de dois níveis, capital e não capital, em alguns casos podem ver um aumento de receita por meio da designação de um sócio não patrimonial onde não possuímos um", disse Marshall Redmond, sócio-gerente da Phelps Dunbar que opera em nível único de sócios e está listado entre os duzentos maiores escritório estadunidense, com receita na ordem de 190 milhões de dólares, 357 advogados e 156 sócios patrimoniais.
Enquanto a maioria dos escritórios de advocacia listados entre os cem maiores dos Estados Unidos criou e expandiu o nível de sócio sem capital, vários denominados do
Second Hundred, do 101° ao 200°, estão mantendo o modelo de nível único de sócio, pelo menos por enquanto.
Mas há uma tendência de mudança nessas sociedades do Second Hundred que se destacam porque são escritórios regionais e menores e veem vantagens no sistema de sociedade de dois níveis, em parte para atrair os melhores talentos de bancas maiores, dizem os recrutadores. Recrutar e reter sócios com carteiras de negócios é essencial para esse "segundo pelotão" de escritórios e nesse sentido os diferentes níveis de sociedade têm um papel fundamental.
Os contrários aos dois modelos de sociedade afirmam que estão mantendo a estrutura de nível único porque ela promove a colegialidade e cria um sistema justo de expectativas e benefícios para os sócios.
Ainda assim, alguns escritórios de nível único do Second Hundred se recusaram a comentar sobre sua estrutura e se a manterão. Essa postura está em linha com o silêncio das bancas da Am Law 100 sobre o assunto . Fontes da indústria da advocacia norte americana dizem que alguns escritórios de advocacia que mantêm um modelo de nível único estão também considerando mudanças.
André Porto Alegre é jornalista, CEO da Law Consulting, especializada em negócios da advocacia, idealizador e apresentador do podcast Gesto de Gestão, sobre administração de escritórios de advocacia.
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