O papel do estagiário não se extingue com o avanço da tecnologia | Análise
Análise

O papel do estagiário não se extingue com o avanço da tecnologia

Por Luiza Fonseca de Araujo, assistente jurídica no Pinheiro Neto Advogados

18 de August de 2020 8h

Ficou no passado a ideia de que cabe ao estagiário servir o café e imprimir a papelada. Da mesma forma, o estagiário deixou de ser alguém que pode ser descartado sem afetar o bom funcionamento da área em que atua, pois tornou-se uma peça fundamental ao transformar em mais eficiente e produtivo o trabalho de sua equipe. A entrada no mercado de trabalho é um grande passo para o estudante de Direito. Uma oportunidade fundamental para sair da zona de conforto que é a sala de aula, e pisar em um terreno ainda inexplorado. É a hora de deixar as simulações para lidar com casos de verdade, com pessoas de verdade.

Como parte essencial na formação do advogado, a importância das funções exercidas durante o estágio não deve ser desconsiderada muito menos desvalorizada pelos escritórios de advocacia. Afinal, ser estagiário é o primeiro grande passo para a construção da carreira de futuras(os) advogadas(os). É o momento de explorar, de aprender e de ensinar.

A minha experiência pessoal, como estagiária no escritório em que trabalho, é capaz de retratar a diversidade e importância das tarefas desempenhadas no primeiro degrau do plano de carreira.

O momento de explorar

Ao entrar no escritório passei a conviver diariamente com uma quantidade absurda de advogados capacitados e com muita experiência. Pela primeira vez estive tão perto de tantos profissionais ao mesmo tempo, e pude conhecer, trocar informações e entender o dia-a-dia de um profissional do Direito. Além disso, me familiarizar com os sistemas e as dinâmicas do ambiente foram alguns dos caminhos novos pelos quais percorri para conseguir realizar o meu trabalho da melhor forma possível.

O momento de aprender

Em um ano de estágio, eu aprendi muito mais do que nos quatro anos de faculdade. Além de colocar em prática o conhecimento adquirido em sala de aula, como estagiária pude observar como os meus colegas exercem suas funções, participar efetivamente da elaboração de pareceres e outros documentos, contribuir com ideias e sugestões, me relacionar com clientes, errar e entender meus erros por meio dos feedbacks. Enfim, pude começar a entender como funciona o mundo corporativo. Em um ano de estágio, eu consegui também desenvolver as mais diversas habilidades e competências, o que me permitiu crescer como pessoa e como profissional.

E o momento de ensinar

Reciclar conhecimento é fundamental, e poder compartilhar informação com outras pessoas que têm pontos de vista diversos é uma maneira de permitir essa reciclagem. O estagiário pode não ter experiências prévias no mercado, mas traz muitas novidades para o ambiente de trabalho, como diferentes formas de interpretação e pensamento, conhecimento recém adquirido na faculdade, vontade de aprender e o desejo de participar e contribuir.

Hoje, com a pandemia, estamos vivendo uma situação nunca antes imaginada. Passamos por grandes mudanças na forma de desempenhar nossa função e a tecnologia nos permitiu completar quatro meses em trabalho remoto. Nesse cenário, com o avanço tecnológico, há quem diga que o estagiário deixou ou deixará de ser fundamental. Ouso dizer que essas pessoas estão cometendo um grande erro. O futuro do Direito está intrinsecamente ligado ao papel dos estudantes no mercado de trabalho. Um avanço orgânico da advocacia é dependente do interesse, da vontade de explorar e de aprender, além do que os estagiários têm a ensinar.

Leia mais sobre a visão do escritório de advocacia em relação aos estagiários.

Análise AdvocaciaDia do EstagiárioEstagiárioEstágioLuiza Fonseca de AraujoOpinião AnáliseTecnologia