Legal Ops: muito além da Controladoria e Jurimetria no Direito | Análise
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Legal Ops: muito além da Controladoria e Jurimetria no Direito

Por Paulo Henrique Fernandes, gerente de Legal Ops do PG Advogados

17 de January de 2023 20h

Uma necessidade urgente dos escritórios de advocacia para corresponder às expectativas das empresas sob a ótica de análise de dados, e de forma cada vez mais precisa para auxiliar na hora de tomada de decisão, refletiu um fenômeno importante em nosso setor na última década: a criação de uma área robusta, responsável pelo conjunto de processos de negócios, atividades e profissionais que permitem que os departamentos jurídicos e escritórios de advocacia atendam seus clientes de maneira mais eficaz, aplicando práticas comerciais e técnicas à prestação de serviços jurídicos ¹.

Eu estou falando da Legal Ops ou, em outras palavras, Legal Operations (Operações Legais), área que tem sido cada vez mais considerada fundamental para a inovação do setor jurídico devido ao seu perfil estratégico para empresas de pequeno, moderado, médio ou grande porte.

O Legal Ops engloba todos os setores de um escritório de advocacia, alinhando recursos de tecnologia e gestão, com o intuito primário de tornar as atividades administrativas-jurídicas mais ágeis e eficientes.  Ao advogado, a área permite focar em atividades estritamente jurídicas e no relacionamento com os clientes; já às empresas, auxilia de maneira contundente na tomada de decisão.

O profissional responsável deve estar apto a transitar por todas as áreas de uma empresa ou escritório para garantir a otimização de processos tão esperada. Entretanto, precisamos entender que nem tudo é aplicado para a realidade de todos. E aqui entre o gap da questão.

O mercado criou o Legal Ops sem uma (antiga) controladoria bem estruturada. Para que a área dê certo é preciso que três frentes estejam estreitamente alinhadas: Pessoas, Processos e Tecnologia.

1) Pessoas - assumem papel de otimizadoras, atuando para a garantia de processos dentro do cronograma, foco na fase de execução e, assim, gestão de processos inteligentemente automatizados; 2) Processos - aceleram o trabalho, com estruturação operacional tática, suporte aos departamentos e foco em atividades internas e melhorias; 3) Tecnologia - vem como a parte "desbravadora", ou seja, foca em temas estratégicos, suporta a liderança com dados e mecanismos precisos e gera insights que reverberam na tomada de decisão.

Porém, essa realidade está longe do cenário nacional. A maioria das áreas ainda está em fase de transição entre Controladoria e Legal Ops. Como controladoria jurídica, entende-se a gestão de um escritório fundamentado por métodos atualizados que contribuam para uma organização eficiente de atividades. Além disso, deve ter como objetivo melhores resultados e identificação de gargalos das operações internas do escritório. Isso é importante para a gestão dos assuntos próprios dos escritórios, bem como para os clientes que gere.

A controladoria sofreu importantes impactos em razão da pandemia, que acelerou a implementação de tecnologia para gestão de prazos e processos. Muitos escritórios tiveram que se adaptar, mas adaptação não é o mesmo que planejamento.

Para considerar uma Controladoria Jurídica bem feita, precisamos pensar além da aquisição de softwares e digitalização do trabalho jurídico, mas, sim, no controle e tratamento de dados, a utilização de ferramentas digitais e a automação de tarefas que efetivamente otimiza o trabalho dos advogados.

Ainda estamos em fase de transição neste sentido e por isso defendo que, antes de implementar um Legal Ops, a controladoria deve estar bem fundamentada em seus processos. Isso porque Legal Ops vai além de controle e jurimetria, a área significa composição de especialistas aptos a transitar por todas as áreas de uma empresa ou escritório.

Desde a própria área jurídica, o time é composto pelo administrativo, marketing, tecnologia da informação e financeiro. Significa uma "visão 360" das atividades operacionais.

No PG Advogados consolidamos a controladoria há mais de uma década, o que nos permite implementar a Legal Ops de uma maneira mais estrutura e já com solidez. A exemplo, já contamos com um fluxo de agendamento automático de publicações processuais há mais de 10 anos, com geração de prazo automático para o advogado responsável, algo que ainda percebemos se tratar de um pré-requisito em vagas de advogados de outros escritórios.

Também já implementamos o protocolo eletrônico de forma automatizada no sistema, ao passo que muitos dos escritórios ainda utilizam certificados digitais em formato físico (Token), com compartilhamento de senha dos sócios, o que agiliza todos os nossos trâmites burocráticos.

Aprendemos que a revisão do fluxo de trabalho para um modelo mais produtivo é a principal melhoria que o escritório deve se preocupar em implementar, mas sem deixar de perceber a melhor formatação da equipe de trabalho, e quais ferramentas de mercado podem auxiliar o trabalho dessas pessoas, sempre levando em consideração a experiência do usuário dessas tecnologias.

Somos um dos principais escritórios de advocacia do país com a área bem estabelecida e capaz de customizá-la de acordo com as necessidades próprias de cada cliente com soluções completas que incluem uma gestão jurídica ativa e mapeamento de processos, realizando gestão por workflows, inteligência em gestão de dados e resultados. Contudo, mantemo-nos sempre atentos ao mercado e a inovação do setor a fim de identificar possíveis melhorias em cada uma das etapas administrativas do Direito.

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