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Inteligência Artificial e Advocacia, uma receita de sucesso

Por Sandro Pizzatto, diretor administrativo do Fux Advogados

3 de July 19h30

Ferramentas de IA estão transformando a rotina dos escritórios, automatizando tarefas repetitivas e permitindo que advogados foquem em atividades estratégicas de maior valor agregado.

A Inteligência Artificial (IA) deixou de ser uma promessa futurista para se consolidar como uma força transformadora no setor jurídico brasileiro. Escritórios de advocacia, dos grandes aos pequenos, estão progressivamente adotando soluções baseadas em IA para otimizar processos, ganhar eficiência e, crucialmente, liberar seus profissionais de tarefas repetitivas e demoradas. O impacto mais sentido tem sido na elaboração de peças jurídicas e na drástica redução de trabalhos manuais que consumiam horas preciosas.

Tradicionalmente, a rotina de um advogado envolvia longas horas de pesquisa jurisprudencial, análise minuciosa de documentos e a redação, muitas vezes do zero, de petições, contestações e recursos. Hoje, a IA atua como um poderoso assistente. Ferramentas de IA generativa, por exemplo, podem auxiliar na criação de minutas iniciais de documentos legais. Ao serem alimentadas com os dados específicos de um caso e com acesso a vastas bases de dados de legislação e jurisprudência, essas plataformas conseguem sugerir cláusulas, argumentos e formatações, acelerando significativamente o processo.

Além da elaboração de peças, a IA tem se mostrado extremamente eficaz na diminuição de trabalhos repetitivos. Algumas das aplicações mais impactantes incluem:

Revisão e Análise de Documentos (Due Diligence): ferramentas de IA conseguem "ler" e identificar cláusulas relevantes, riscos potenciais ou informações específicas em milhares de páginas em uma fração do tempo que uma equipe humana levaria.

Pesquisa Jurídica e Jurimetria: Plataformas utilizam IA para otimizar a pesquisa de jurisprudência, legislação e doutrina, apresentando resultados mais assertivos e rápidos. Além disso, ferramentas de jurimetria analisam grandes volumes de decisões judiciais para identificar padrões, tendências e até mesmo prever possíveis desfechos de casos, auxiliando os advogados a tomarem decisões mais embasadas.

Gestão de Processos e Prazos: Softwares de gestão jurídica com IA integrada automatizam o acompanhamento de processos, a atualização de andamentos e o controle de prazos, minimizando o risco de erros humanos e liberando equipes para tarefas mais intelectuais.

Triagem Inicial e Classificação de Documentos: Em casos de contencioso de massa, a IA pode realizar a triagem inicial de petições e documentos recebidos, classificando-os por tipo, urgência ou tema, e direcionando-os para as equipes ou advogados corretos. Isso otimiza o fluxo de trabalho e garante respostas mais ágeis.

Apesar dos avanços, a implementação da IA na advocacia também apresenta desafios, como a necessidade de investimento em tecnologia e treinamento, questões éticas relacionadas ao uso de dados e a indispensável supervisão humana para garantir a qualidade e a adequação das respostas geradas pela IA. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) tem acompanhado o tema, buscando orientar sobre o uso ético e responsável dessas novas tecnologias.

Contudo, o consenso é que a IA não veio para substituir o advogado, mas para transformá-lo em um profissional mais estratégico e eficiente. Ao delegar tarefas repetitivas e analíticas para as máquinas, os advogados podem dedicar mais tempo ao raciocínio crítico, à negociação, à consultoria personalizada e à construção de teses jurídicas inovadoras. A tendência é que os escritórios que abraçarem essa revolução tecnológica se destacarão pela eficiência, pela qualidade dos serviços prestados e pela capacidade de oferecer soluções jurídicas mais ágeis e com maior valor agregado aos seus clientes.

A receita de sucesso está no uso inteligente da ferramenta pelo advogado.

Sandro Pizzatto é diretor administrativo do Fux Advogados. Graduado em engenharia pela FEI, possui pós-graduação em processos logísticos e qualidade pela USP. Além disso, é mestre em estratégia empresarial, também pela FEI.

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