Felicidade é uma jornada que se constrói com o autoconhecimento | Análise
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Felicidade é uma jornada que se constrói com o autoconhecimento

Por Carlos Alberto Antonaglia, diretor de recursos humanos, e Maria Helena Bragaglia, sócia da área contenciosa cível; ambos do Demarest Advogados

15 de April de 2021 8h

Apenas para contextualizar os leitores, eu, Maria Helena Bragaglia, sócia da área contenciosa cível do Demarest Advogados, e Carlos Alberto Antonaglia, diretor de RH, fizemos esse artigo a quatro mãos e narramos, em primeira pessoa, como foi a experiência de trazer o tema da "felicidade" para o escritório.

Como parte do meu processo de evolução de carreira - que durante um tempo se dá de forma vertical, e a partir da maturidade precisa, necessariamente, ser verticalizado, isto é contemplar novos conhecimentos - comecei a ler diversos livros, participar de workshops e fazer alguns cursos relacionados à liderança. E em todos os materiais que tratavam do tema, havia um ponto convergente: o autoconhecimento como a chave para a liderança, já que não se pode liderar sem a "alma". Profundo, mas de uma assertividade ímpar.

Ao mergulhar no exercício do autoconhecimento, fui apresentada ao Eneagrama, uma ferramenta extremamente potente e que trabalha de forma a identificar nove tipos essenciais de personalidade presentes na natureza humana. Após apontar o tipo dominante, a ferramenta detalha as características e padrões da personalidade - boas e não boas -, de modo a permitir que o "consulente" compreenda como pode desenvolver relacionamentos mais saudáveis, seja na esfera pessoal, seja na profissional.

Pois bem. Fiz o meu teste, o qual concluiu que a minha personalidade dominante é do tipo otimista (para quem me conhece, sabe que esse diagnóstico é bastante óbvio). Ao lado dos pontos "legais" de ser classificada como otimista, há um lado negativo e bastante desafiador. Explico.

Como o processo mental de um otimista tende a simplificar e amainar as coisas, as pessoas que convivem com esse perfil podem se sentir ofendidas por acharem que na análise feita pelo otimista há um subdimensionado dos seus problemas. Depois desse diagnóstico, entendi que era o momento de ir além. Como o padrão de pensamento do otimista - na parte boa dessa personalidade - consegue gerar mais satisfação, bem-estar, gratidão e, consequentemente, felicidade, quis entender, sob o ponto de vista técnico, se haveria alguma ciência que pudesse me dar subsídios para que eu pudesse transmitir essas emoções e os sentimentos positivos de forma a agregar, e não repelir. Em resumo, transformar todos os lados do otimista em oportunidades para aprimorar os diálogos e relacionamentos.

Foi aí que conheci a tal ciência da felicidade, baseada na psicologia positiva e difundida por grandes nomes, com destaque para Tal Ben-Shahar, renomado professor de Harvad, escritor de diversos livros, e cofundador do Instituto Wholebeing (junção de whole person e well being) escola que tem por objetivo ensinar, de maneira sistemática a psicologia positiva, elevando os níveis de felicidade.

Em meio à minha descoberta da psicologia positiva e do Instituto Wholebeing e o enorme desejo de estudar essa matéria, a pandemia deflagrada pela Covid-19 se instaurou no Brasil e fomos todos obrigados a nos recolher. A parte boa do recolhimento é que sobrou um tempo adicional para que eu pudesse, online, iniciar o tão desejado aprendizado.

Comecei, então, as minhas aulas. Ao mesmo tempo que eu me sentia nutrida com todos os ensinamentos, inclusive facilitando a minha relação com a pandemia, notava que as pessoas à minha volta, em especial no ambiente de trabalho, estavam enfrentando dificuldades emocionais. Foi nesse contexto que conversei com o diretor de recursos humanos do Demarest, Carlos Antonaglia e para quem passo agora a palavra, e sugeri que estruturássemos algo a respeito do assunto felicidade para os colaboradores do escritório.

Como responsável pelo desenvolvimento humano e gestão das políticas e programas institucionais que impactem positivamente as nossas pessoas, a indicação da Maria Helena caiu como um presente que nem os mais otimistas poderiam esperar.

No meio de todo caos trazido juntamente com o impacto da pandemia, eu estava estudando algumas ideias e projetos, pois era perceptível a necessidade de termos algo que pudesse tocar e equilibrar as pessoas de forma simples e direta, principalmente por todo medo e pessimismo que aquele momento inicial de isolamento social trazia.

Como resultado, estruturamos com o Instituto Wholebeing, na figura do Henrique Bueno, responsável por tal instituição no Brasil, um programa desenhado de forma artesanal para o nosso time. O programa contemplou doze encontros semanais de uma hora, todas às sextas-feiras, às 17h. O dia e horário foram pensados de forma a maximizar a experiência de nossos colaboradores.

A linguagem pragmática do Henrique Bueno, que começou impactando nossos sócios e colaboradores, se expandiu para as famílias. Na verdade, o ambiente virtual possibilitou que os familiares participassem do bate-papo e dos debates envolvendo as técnicas e exercícios de autoconhecimento e sobre os mais diversos níveis de felicidade na sua essência.

O programa nos trouxe um outro olhar. De forma estruturada, mostrou a todos que a felicidade é uma jornada e uma grande construção diária, que diz menos sobre o ambiente externo e mais sobre cada um de nós, como indivíduos. O curso também nos ensinou que precisamos explorar e alimentar cinco grandes pilares nas nossas vidas: o espiritual, o físico, o intelectual, o relacional e emocional, o quanto esses pilares estão interligados e como a falta de atenção a um deles pode impactar a conexão existente entre eles.

Os profissionais que usufruíram dessa jornada de aprendizado saíram com dicas importantes para as respectivas vidas e cujos resultados práticos se espelharão nas mais diversas esferas relacionais. Sabemos que temos grandes desafios como líderes, mas acreditamos que conseguimos, dentro do espectro da responsabilidade social, atuar de forma vanguardista ao trazer o tema para o Demarest. Acreditamos que essa iniciativa servirá de fonte de inspiração para tantos outros escritórios e empresas.

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