Qual a razão da insatisfação dos departamentos jurídicos com os escritórios de advocacia? | Análise
Análise

Qual a razão da insatisfação dos departamentos jurídicos com os escritórios de advocacia?

Por Gustavo Freire da Fonseca

19 de October de 2020 3h38

Não é novidade que notamos um aumento significativo de demandas internalizadas pelos departamentos jurídicos corporativos. Cada vez mais, os advogados internos estão realizando o trabalho que antes era terceirizado a escritórios de advocacia. Departamentos jurídicos, muitas vezes, estão ficando maiores, mais robustos e sendo cobrados pelo board.

Por um lado, soa como positivo um aumento do mercado jurídico para advogados empregados, funcionários de empresas e corporações, incrementando o número na carreira fora dos concursos públicos e escritórios de advocacia. Essa é uma leitura possível, é verdade.

Todavia, observo que esse movimento do mercado, dos departamentos jurídicos como atores desse cenário, é, na realidade, reativo. Reage sobretudo contra uma frustração insistente, por parte dos gestores jurídicos, de uma espécie de banalização de seu atendimento por parte dos escritórios. Explico a seguir.

Não trato aqui de uma banalização reflexo de uma simplificação técnica ou mesmo do menosprezo do trabalho. Não é isso, definitivamente. Os departamentos jurídicos se ressentem, na realidade, de uma maior compreensão, imersão na realidade da empresa que representam. Os gestores tentam conscientizar os escritórios que as demandas não terminam nelas mesmas, mas aquele assunto ou problema permanece repercutindo por muito tempo dentro da companhia.

Não adianta um atendimento primoroso, educado, extremamente técnico e distante da efetiva compreensão do core business e todos os seus desdobramentos e repercussões no dia a dia.

Tentarei ser mais claro. As equipes dos departamentos jurídicos esperam, efetivamente, que ao assinar um contrato com determinada banca de advocacia, no qual terceiriza certa demanda, aquele escritório, em toda a sua equipe destacada para o atendimento (e em todos os níveis hierárquicos) passará efetivamente a usar o crachá da empresa. Desligará os monitores em conjunto. Receberá as mensagens fora de expediente tal qual a equipe do jurídico. Vestirá a camisa e defenderá a companhia, como o fazem no dia a dia.

Não estou exagerando. Definitivamente não estou. Tampouco estou dizendo que essa conduta é diferencial, creio que ela seja imprescindível para a manutenção de contratos e conquista de clientes.

Não por acaso, cada vez mais, também, as grandes bancas estão sendo substituídas por escritórios menores, com atendimento mais personalizado, com menor turnover, enfim, mais olho no olho.

E você, o que acha? Concorda? Ou na sua visão os departamentos jurídicos estão satisfeitos e realizando o caminho da redução de tamanho? Aguardo sua visão, esse é apenas meu ponta pé inicial para o assunto.

Gustavo Fonseca

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