Cultura Organizacional: O Fundamento Invisível do Sucesso | Análise
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Cultura Organizacional: O Fundamento Invisível do Sucesso

Por Artur Perreto Precoma, advogado Ludkevitch Tourinho Gomes Sociedade de Advogados

22 de October 11h24

No ambiente corporativo contemporâneo, a cultura organizacional tem se mostrado um fator determinante para o sucesso ou fracasso das empresas. Trata-se do conjunto de valores, crenças e comportamentos compartilhados que orientam a forma como as pessoas interagem e realizam suas atividades. No contexto dos escritórios de advocacia, a cultura interna exerce papel fundamental para o alinhamento das equipes, a satisfação dos colaboradores culmina na entrega de soluções jurídicas eficazes e alinhadas às expectativas do cliente.

Assim como uma árvore que demanda cuidados constantes para crescer saudável e produzir frutos, a cultura organizacional precisa ser cultivada com paciência e atenção contínua. Muitas organizações sucumbem não por deficiências técnicas ou operacionais, mas por falhas culturais enraizadas que acabam se tornando invisíveis aos seus membros, comprometendo o desempenho e o ambiente de trabalho.

Um princípio importante para compreender essa dinâmica está na célebre frase do guru da administração Peter Drucker[1]: "A cultura come a estratégia no café da manhã". Ou seja, independentemente da estratégia adotada pelo escritório, é a cultura que determinará o modo como ela será implementada e como os resultados serão alcançados.

Escritórios de advocacia, assim como outras organizações, são compostos por pessoas, processos, metas e valores, todos moldados pela cultura interna. Nesse sentido, destacam-se seis elementos essenciais para a construção de uma cultura sólida e positiva: a filosofia corporativa, a voz do dono, a liderança, o storytelling, os artefatos de identidade e marca, e, por fim, os rituais internos.

A filosofia corporativa compreende o DNA organizacional, os sonhos, visão, missão, valores, princípios, propósito, manifesto, código de conduta e o canal de denúncias. Esses componentes fornecem identidade e orientação aos colaboradores, promovendo engajamento e alinhamento. Já a voz do dono se refere à clareza dos objetivos da empresa, fundamental para que os colaboradores se sintam motivados e inspirados a contribuir para o sucesso coletivo.

A liderança exerce papel crucial ao traduzir, por meio de atitudes e decisões, os valores e a visão do escritório, promovendo feedbacks constantes para o desenvolvimento das equipes. O storytelling, por sua vez, é uma ferramenta eficaz para engajar colaboradores e clientes, ao compartilhar as histórias que refletem a trajetória, desafios e conquistas do escritório, assim como, essenciais para a realização de sustentações orais perante os tribunais, audiências, atendimento a clientes, entre outras aplicações práticas.

Os artefatos de identidade e marca, como materiais personalizados, decoração e símbolos visuais com a logomarca do escritório/empresa, fortalecem o senso de pertencimento e reforçam a imagem profissional perante parceiros e equipe interna. Finalmente, os rituais internos, como reuniões periódicas e confraternizações, ajudam a quebrar a rotina e a fortalecer as relações internas entre os colaboradores.

A importância de uma cultura organizacional forte pode ser ilustrada pela experiência da Kodak, que dominou o mercado de fotografia por décadas, mas acabou falindo por não conseguir adaptar sua cultura às mudanças tecnológicas e mercadológicas. A ausência de uma cultura flexível e inovadora comprometeu sua liderança e competitividade.

Por fim, é importante reconhecer os sinais de uma cultura doentia, como estratégias não compartilhadas, rivalidade interna, apatia, formação de grupos isolados e rádio-peão (as fofocas), aspectos que fragilizam a organização e impactam negativamente o ambiente de trabalho, prejudicando seriamente os valores da organização.

Assim, como bem-dito por Simon Sinek[2], "os clientes nunca amarão uma empresa até que os funcionários a amem primeiro".

Cuidar da cultura interna não é apenas uma preocupação com o bem-estar dos colaboradores, mas uma estratégia essencial para garantir a excelência no atendimento e na entrega dos serviços jurídicos. Quando o time está alinhado, motivado e trabalha em um ambiente saudável, o cliente percebe essa harmonia no relacionamento, na comunicação e na qualidade do trabalho entregue.

Portanto, um escritório que valoriza sua cultura interna está mais preparado para oferecer segurança, profissionalismo e resultados consistentes para seus clientes.

[1] Peter Drucker é considerado um dos principais teóricos da administração moderna. A frase "A cultura come a estratégia no café da manhã" é amplamente atribuída a ele, enfatizando a primazia da cultura organizacional sobre qualquer plano estratégico.

[2] Simon Sinek é autor e palestrante britânico americano, conhecido por suas ideias sobre liderança e propósito organizacional. A frase "Os clientes nunca amarão uma empresa até que os funcionários a amem primeiro" aparece em suas palestras e publicações sobre cultura corporativa e engajamento.