Sharenting: O Impacto da Superexposição Infantil nas Redes Sociais

O compartilhamento de fotos e vídeos dos filhos nas redes sociais tornou-se uma prática comum entre os pais na era digital. Apesar da intenção frequentemente ser positiva, é fundamental refletir sobre os impactos que essa exposição pode ter nas crianças e adolescentes.

O que é Sharenting? 
Sharenting, uma combinação das palavras "sharing" (compartilhar) e "parenting" (paternidade), refere-se ao ato de compartilhar a vida dos filhos online. Essa prática levanta importantes questões sobre privacidade e segurança, que têm sido alvo de crescente preocupação tanto por profissionais da área digital quanto pelo judiciário.

Recentemente, a juíza da 3ª Vara da Família de Rio Branco/AC tomou uma decisão emblemática ao proibir pais de divulgarem excessivamente imagens de seu filho nas redes sociais. O reconhecimento da prática de sharenting como uma forma de superexposição destaca a necessidade de proteger a intimidade e a dignidade das crianças e adolescentes.

A juíza afirmou que a conduta dos pais configura sharenting, comprometendo a segurança, a honra e a vida privada da criança ao tornar públicas informações de cunho pessoal. "É essencial considerar a privacidade das crianças. Elas têm o direito de decidir o que compartilhar sobre suas vidas quando crescerem e puderem compreender os riscos da superexposição", ressaltou.

É fundamental que os pais reflitam sobre as implicações da superexposição de seus filhos nas redes sociais. A digitalização da vida cotidiana pode levar a consequências inesperadas, como a criação de uma identidade digital desprovida de consentimento e a possibilidade de mal-entendidos que impactam a educação e o desenvolvimento emocional das crianças. À medida que crescem, elas podem questionar a presença de suas imagens online e o controle que têm sobre suas próprias histórias.

Alguns pontos chamam a atenção na discussão sobre sharenting:

• Segurança: Expor informações pessoais pode trazer riscos graves.

• Identidade Digital: O que publicamos online pode deixar uma marca permanente na identidade das crianças. Os pais têm o dever de proteger a imagem e a reputação dos filhos.

A discussão em torno do sharenting é pertinente, pois envolve não apenas os direitos das crianças, mas também a responsabilidade dos pais em um mundo cada vez mais conectado. Proteger a intimidade dos filhos e garantir seu direito à privacidade deve ser uma prioridade nas decisões de compartilhamento nas redes sociais.


Autora/ Andréa Barros Augé advogada especialista em direito digital e novas tecnologias. (Instagram @aandreaauge)