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Multas ambientais: a importância de uma defesa especializada

Por Flávio Linquevis

17 de December de 2024 14h59

A preservação do meio ambiente é um tema de extrema relevância em  todo o mundo, e o Brasil, devido à sua rica biodiversidade, adota uma  legislação rigorosa para proteger os recursos naturais. Porém, apesar da  crescente conscientização sobre o tema, as infrações continuam a  ocorrer em diversas regiões do país e, por consequência, acarretam em multas ambientais e sanções administrativas.

A legislação ambiental brasileira, em específico no Decreto nº 6.514/2008,  define as infrações administrativas, como ações ou omissões que violem  as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do  meio ambiente. Esses atos abrangem uma ampla gama de atividades, desde o  desmatamento e a poluição até a exploração ilegal de recursos naturais, como pesca irregular e construções em áreas protegidas.

Ainda que pareçam casos claros de violação, o assunto se torna  complexo quando até ações aparentemente simples, como a poda de uma  árvore dentro da própria casa, também configuram em uma inobediência. E  muitas pessoas, infelizmente, não sabem disso.

Somente no ano passado, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) registrou um aumento significativo nas ações de fiscalização, realizando 21,4 mil operações e aplicando 16,49 mil infrações no Brasil.  Esses números destacam a importância da fiscalização e do cumprimento  das normas ambientais, mas também incluem a autuação de indivíduos sem o  devido conhecimento sobre suas responsabilidades legais. Neste caso, um  processo de defesa eficaz pode fazer a diferença.

Quando um ilícito ambiental é observado, o autuado tem o direito de recorrer da decisão, seja  perante o órgão responsável ou por meio judicial. Durante o processo de  defesa, o pagamento das multas ambientais pode ser suspenso até que  todas as instâncias sejam esgotadas, garantindo que a pessoa não seja  prejudicada enquanto aguarda o desfecho.

Entre as circunstâncias que dependem da justiça para abonar multas  ambientais, é possível citar falhas na autuação, erros na identificação  do infrator, falta de provas suficientes ou procedimentos irregulares  durante a fiscalização. Além disso, se o indivíduo conseguir demonstrar  que não cometeu a violação ou que as condições ambientais não foram  prejudicadas, a penalidade também pode ser anulada. Portanto, durante o  recurso, cabe ao acusado apresentar evidências claras e seguir todos os  trâmites legais para aumentar as chances de sucesso.

Para isso, buscar um advogado especializado em Direito Ambiental é um  caminho de garantia para recorrer multas ambientais, sob a função de  analisar o caso em colaboração com o autuado, identificar possíveis  falhas no processo e verificar a legalidade da conduta para comprovar a  regularidade da atividade ou, quando cabível, a inexistência de dano à  natureza - lembrando que a suspensão da multa não elimina a  responsabilidade do autuado, mas oferece a oportunidade de apresentar  argumentos em sua defesa.

Além disso, o advogado pode avaliar a possibilidade de celebrar Termos de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC) ou Termos de Compromisso de Recuperação Ambiental (TCRA),  mecanismos que permitem ao infrator regularizar a situação, adotar  medidas de reparação ou compensação ambiental e, em alguns casos, obter a  redução de multas ambientais mediante o cumprimento de suas obrigações,  ou até mesmo o parcelamento dos valores.

Outra vantagem de contar com um especialista é que seu papel não se  restringe apenas à esfera administrativa. Se necessário, também estará  preparado para representar o cliente em processos judiciais, buscando a  anulação ou a revisão dos valores de multas ambientais por meio de ações  judiciais cabíveis. O importante é que, em todas as etapas do processo,  o advogado atuará em defesa dos interesses do autuado, buscando  garantir o respeito de seus direitos, sem deixar de considerar a  importância da proteção ambiental e o cumprimento da legislação.

A prevenção é o melhor caminho para evitar conflitos ambientais, mas,  assim que multas ambientais ocorrem, a busca por uma defesa  especializada é um direito do autuado e uma garantia de que terá a  oportunidade de apresentar seus argumentos, contestar a decisão e buscar  um desfecho, acima de tudo, justo.