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Veja como líderes têm usado dados para aumentar engajamento e retenção

Sem dados confiáveis, estratégias focadas em motivação e bem-estar de colaboradores perdem eficácia, aponta levantamento

25 de September 22h12

O bem-estar dos colaboradores já é um elemento crucial para a estratégia de retenção de talentos nas empresas. Porém, a falta de dados estruturados impede a medição precisa da eficácia dessas políticas — ao menos é o que indica o levantamento On the Highwire, da consultoria americana Korn Ferry, publicado em agosto deste ano.

De acordo com o levantamento, 66% dos diretores de RH afirmaram que a ausência de dados consistentes é o principal obstáculo para a manutenção do engajamento dos colaboradores. Essa carência de informações impacta negativamente os planejamentos, comprometendo até mesmo a produtividade de diversos setores internos das companhias.

Os impactos da falta de dados

Um dos principais efeitos da ausência de dados consolidados e confiáveis é a falta de assertividade na tomada de decisões por parte dos gestores. Para Daniel Sibille, vice president of compliance for Latin America da Oracle, além desse desafio também há dificuldade no desenvolvimento consistente de talentos, já que, sem informações sólidas, os programas internos acabam se tornando genéricos e pouco personalizados.

"Quando não temos dados confiáveis, acabamos tomando decisões com base em percepções, e não em evidências. Isso fragiliza qualquer política de bem-estar e tem efeito direto na retenção, porque os profissionais não percebem que suas necessidades reais estão sendo atendidas", afirma Sibille.

Para Sibille, empresas que não estruturam métricas claras de bem-estar correm o risco de perder talentos-chave para a concorrência, além de sofrer com a alta rotatividade, o que pode comprometer sua reputação no mercado. Além disso, o executivo também diz que tal questão pode gerar repercussões negativas que vão para além do engajamento.

"Em mercados competitivos, isso significa também perder vantagem estratégica. Além disso, sem indicadores, fica impossível comprovar ao conselho ou aos acionistas que investimentos em bem-estar geram retorno", pontua Sibille.

Como o compliance pode ajudar?

Segundo a 30ª edição do Índice de Confiança da Robert Half (ICRH), a retenção de talentos é atualmente a maior preocupação para 60% dos gestores entrevistados. Logo em seguida, aparecem os desafios relacionados à produtividade (56%) e à lucratividade (54%). Na visão de Sibille, líderes das áreas de compliance e jurídico podem ser aliados poderosos na criação de políticas de engajamento realmente eficazes.

Os benefícios dos dados estruturados

Com dados estruturados sobre os processos internos de diferentes áreas, torna-se possível tomar decisões mais assertivas e transmitir maior confiança da liderança sob o olhar dos colaboradores. Sibille diz que esse é um fator essencial para gerar engajamento e aumentar a produtividade, independentemente do setor ou área de atuação.

"Confiança é o elemento que conecta todos esses pontos. Sem confiança, políticas internas não são adotadas, talentos não se sentem encorajados a crescer e o bem-estar vira discurso. A base da confiança é a coerência: aquilo que a liderança comunica precisa estar alinhado às práticas da empresa", destaca o executivo.

Na visão de Paula Lígia Oliveira Dias, diretora jurídica, de compliance e de auditoria interna da Dasa, dados são a base de qualquer política de compliance funcional, já que ele permite identificar riscos de forma concreta e personalizada, medir resultados de forma mais eficaz e ajustar rotas com uma objetividade muito melhor do que uma política estruturada sem informação alguma. 

Com isso, o propósito e o legado da empresa tornam-se mais sólidos. Contudo, Sibille ressalta que esse alinhamento deve estar vinculado a uma estratégia prática e que as informações coletadas são cruciais para transformar planos de engajamento em ações tangíveis.

"Dessa forma, o discurso de propósito deixa de ser abstrato e se traduz em retenção real, porque o colaborador percebe que a empresa se importa tanto com seu crescimento quanto com sua experiência", conclui o executivo.

Daniel SibilleDasaOraclePaula Lígia Oliveira Dias