A TV Análise realizou na última quinta-feira, 28, um encontro com representantes de importantes escritórios de advocacia para discutir o papel das legaltechs e lawtechs. Para complementar a conversa, a equipe de jornalismo da Análise conduziu uma enquete com a participação de 266 escritórios, abordando o tema. Os resultados revelaram que seis em cada 10 bancas, das que participaram da pesquisa, já estão envolvidas com investimentos ou possuem presença nesses segmentos tecnológicos do mercado jurídico.
Participaram da conversa o Christiano Sobral, sócio-diretor do Urbano Vitalino e CEO da Neurolaw, Juliana Abrusio, sócia head da área de Tecnologia e Proteção de Dados do Machado Meyer, Mariane Cortez, coordenadora do Attix, programa de inovação do Mattos Filho e Paulo Henrique Fernandes, gerente de Legal Operations do Viseu Advogados.
A conversa foi mediada pela CEO da Análise, Silvana Quaglio, e pelo conselheiro editorial, Alexandre Secco, que abriram os debates levantando como surgiu as demandas para as bancas tirarem do papel as ideias para essas inovações. Para Christiano Sobral, sócio-diretor do Urbano Vitalino, conta que a ideia de criar uma Legaltech era competir com o próprio escritório. "Sempre nos perguntamos o que vai acontecer daqui para frente, e entendemos que o que podia diminuir a competitividade do escritório viria de fora, com isso nós decidimos ter uma empresa de tecnologia especializada em inteligência artificial aplicada. O nosso propósito era conseguir criar tecnologia para concorrer com o próprio escritório, pois é melhor que eu concorra comigo mesmo do que o mercado faça isso"
Já no segundo bloco os resultados trazidos por essas inovações foram o foco da conversa. Para Christiano Sobral os ganhos são tanto em redução de custo quanto em eficiência. "A gente tem cerca de 1400 pessoas no escritório, se eu não tivesse usado toda a tecnologia que usamos, eu teria pelo menos umas 500 pessoas a mais, então só aí já temos um ganho grande em redução de custo".
Para Juliana Abrusio, sócia head da área de Tecnologia e Proteção de Dados do Machado Meyer, os números trazidos pelo uso da tecnologia na banca são positivos. "De 100% dos processos envolvendo Due Diligence, hoje 60% são feitos com inteligência artificial. Há dois anos esse número estava em 25%, a tecnologia aliada aos processos de capacitação humana resulta em uma riqueza na eficiência na entrega".
Por fim, os convidados encerraram a live opinando sobre o futuro dos das profissões diante das Lawtechs e Legaltechs, além da crescente da tecnologia. Para Mariane Cortez, coordenadora do Attix, programa de inovação do Mattos Filho, a formação dos profissionais não deve se restringir somente ao básico. "Os estudantes de direito precisam estudar demais, pois hoje não adianta achar que vai entrar em um escritório e vai fazer um trabalho que fazia antes, então é preciso ter um pensamento estratégico muito bom, mas também será preciso ter algumas micro skills, então precisará entender de tecnologia, de negócios, de marketing".
Paulo Henrique Fernandes, gerente de Legal Operations do Viseu Advogados, afirmou que é preciso que todos se adaptem as novas tecnologias. "A tecnologia vai mudar todos os setores da economia, vai mudar todas as profissões. Então não só o advogado e o profissional jurídico, mas todos precisam reconhecer a tecnologia para o exercício de suas atividades diárias, esse é o exercício que todos devemos fazer".