Durante a Fenalaw 2023, realizada no espaço Frei Caneca em São Paulo, o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, destacou que as novas tecnologias no mercado representam um desafio para os direitos humanos. Ele observou que o avanço tecnológico está provocando mudanças significativas em várias áreas.
Silvio Almeida ainda propôs uma reflexão acerca de tais inovações tecnológicas e como impactam a vida das pessoas e sugeriu cautela no tema. "Temos que estar preparados para enfrentar isso e lidar com as contradições desse processo. E precisamos colocar uma reflexão: O que é mais importante para nós? A vida é importante? Se a vida é importante, temos que dar um passo para trás, não estou dizendo para voltarmos à idade das pedras ou para o mundo analógico, mas é preciso pensar no impacto da tecnologia na vida das pessoas, principalmente em países em que as pessoas não têm acesso à tecnologia."
O ministro ainda enfatizou que alguns desses avanços podem acarretar problemas para as pessoas, o que se refletiria na sociedade. "Isso me leva a pensar também na dimensão do trabalho como um ponto fundamental. O que significa viver em um mundo em que algumas pessoas têm que trabalhar 14 horas por dia dirigindo um carro para um aplicativo, temos que pensar no que significa isso. Se a humanidade é como a música da banda Titãs que diz que 'A gente não quer só comer, a gente quer comer e quer fazer amor, A gente quer prazer pra aliviar a dor', como uma pessoa alivia a dor trabalhando 14 horas por dia sem saber se vai conseguir se alimentar no dia seguinte?."
Por fim, o ministro afirmou que a causa dos direitos humanos não ocupa uma posição central no país, e isso se deve a um histórico vivido no Brasil, entre outros problemas. "Nós vivemos em um país que tem uma aversão pelos direitos humanos, é isso, apesar de falarmos muito sobre isso. Somos um país marcado pelo autoritarismo nos processos políticos, pela dependência econômica, pelo racismo. Portanto, não podemos abordar os direitos humanos da mesma forma que se faz na Europa. Devemos considerar esse tema como um direito ao desenvolvimento, e isso deve estar presente em nossa reflexão sobre os direitos humanos."