Saúde Mental: como prevenir burnout e ansiedade no ambiente de trabalho? | Análise
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Saúde Mental: como prevenir burnout e ansiedade no ambiente de trabalho?

Marcos Mendanha, advogado e médico do trabalho, explica seis fatores de riscos que podem desencadear adoecimento mental

25 de October de 2022 14h

''Resiliência não é apenas uma palavra da moda'' - assim começa Marcos Mendanha, médico do trabalho e advogado, em sua palestra sobre saúde mental, ministrada durante a Fenalaw 2022. Marcos também é diretor e professor no CENBRAP - Centro Brasileiro de Pós-Graduações.

Marcos comenta que ''o estresse crônico - seja ele de qual fonte - nos tira da normalidade, [assim como] nos cansa". Veja o entendimento de cada situação, segundo os profissionais da saúde: 

  • Cansaço: estado de fraqueza ou indisposição depois de um esforço físico ou mental. É uma sensação comum, que costuma passar depois de uma boa noite de sono ou folga, como o final de semana;
  • Fadiga: é quando essa sensação de cansaço tende a não passar logo, tornando-se crônica. Costuma estar associado a alguma doença específica, como anemia, fibromialgia, depressão, entre outras. No entanto, após o tratamento clínico, a sensação some. 
  • Burnout: é a exaustão física e mental provocada pelo trabalho. Pode estar relacionada ao clima organizacional ou pressão do ambiente. Agora é tida como síndrome ocupacional pela própria Organização Mundial da Sáude (OMS). 
  • Depressão: estado que gera angústia e prostração incontroláveis. Doença psiquiátrica crônica e recorrente, que produz uma alteração do humor, caracterizada por uma tristeza profunda. Sem tratamento, pode ser fatal. 

De acordo com o médico, "a empresa [precisa] investir em seis áreas certamente [para] o ambiente ocupacional ser promotor de engajamento, jamais de burnout. Mas, se uma dessas seis áreas estiverem em discordância e estiver desregulada, essa empresa pode, sim, promover burnout.'' Mendanha explica os seis riscos especificadamente: 

  • Sobrecarga de trabalho: A carga tem que ser sustentável e sempre estar de acordo com a quantidade de trabalho. Além disso, tem que ser dividida de uma forma justa para toda equipe.
  • Falta de autonomia e controle do trabalhador sobre o trabalho: Isto é fator de risco para o burnout, pois o trabalhador quer ter uma certa autonomia no que faz. Por esta razão, é necessário ter um ótimo treinamento. Não é à toa, por exemplo, que a área de call center apresenta um índice muito alto de estresse. No caso, o sujeito fica trabalhando e é monitorado a todo momento. Por este motivo, a falta de autonomia em relação ao trabalho é muito ruim e a recompensa é insuficiente.
  • Recompensa insuficiente (monetária e de reconhecimento por colegas e sociedade): A recompensa insuficiente não é somente sobre dinheiro. Marcos conta que uma empresa de eletricidade começou a espalhar nos outdoors pela cidade as fotos dos trabalhadores acompanhados com a seguinte frase: se a sua vida está clara, a responsabilidade é minha, eu sou o técnico de eletricidade. Enfatizando a importância daquela profissão. E, através de pesquisas realizadas após a empresa espalhar os outdoors, os eletricistas sentiram que o seu trabalho está sendo reconhecido.
  • Perda de comunidade (sentimento de pertencimento): O trabalhador quer se sentir pertencido dentro de um ambiente de trabalho. Contudo, um ambiente assediador gera perda de comunidade e impacta negativamente a saúde mental dos colaboradores.
  • Falta de equidade ou justiça (independente de religião, convicções políticas, orientação sexual, entre outros): Todos os colaboradores querem e devem ser tratados da mesma forma, seja nas repreensões ou promoções, pois esse sentimento de justiça faz muita diferença.
  • Conflito de valores: Se os valores do trabalhador se chocam com os valores institucionais - com aquilo que você oferece para os seus contratados-, gera uma discordância e a saúde mental é a principal vítima.

Por fim, Mendanha finaliza dizendo que ''se a empresa falta em algum desses pontos, uma das consequências é o adoecimento mental".

Marcos Mendanha, médico do trabalho e advogado (Imagem: Divulgação/ Professor Medanha)
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