Um dos dados levantados durante a produção do anuário Executivos Jurídicos e Financeiros é a idade dos heads destes departamentos. Especificamente para o jurídico, a faixa etária dos integrantes da equipe também é pesquisada, gerando uma média anual. Há quatro anos, a média de idade do líder dessa área era de 44 anos, enquanto a de seu time alcançava 37. Já na edição 2019 do anuário, estes números ficaram em 45 e 47, respectivamente. Mas quais fatores contribuíram para que profissionais mais jovens assumissem a liderança do departamento jurídico com mais frequência?
Maria Eduarda Silveira, gerente sênior de recrutamento da Robert Half, explica que, antigamente, o setor jurídico era uma área de apoio, mais burocrática e conservadora. Ao longo dos anos, evoluiu para um departamento mais estratégico, inclusive atuando mais próximo ao CEO e focado em melhorar o business da empresa. Para ela, pessoas mais jovens são mais abertas a caminhar com o negócio, não se limitando a olhar apenas para o jurídico.
Dennis Del Cioppo de Mello, headhunter da Laurence Simons e especializado em recrutamento para as áreas jurídica e compliance, destaca que a mudança bruta de perfil do líder do jurídico começou em 2012. O profissional mais jovem, mais bem formado e com conhecimento em outras áreas passou a alcançar posições que antes eram ocupadas pelo executivo sênior mais velho, tornando a abordagem do setor mais estratégica.
Outro fator interessante citado por Dennis é a ascensão dos cargos gerenciais no setor jurídico. Ele explica que, a partir de 2012, os departamentos jurídicos corporativos passaram a internalizar mais demandas e terceirizar menos. Dois anos depois, as empresas enxugaram esses departamentos, o que levou os escritórios de advocacia a aumentarem suas estruturas de serviço, pois as companhias não estavam em sua melhor fase e os problemas continuavam acontecendo.
De 2014 em diante, segundo ele, o departamento jurídico começou a passar por uma adaptação: em vez de contratar novos diretores jurídicos, tornou-se mais interessante promover o gerente jurídico para a posição de head of legal. Assim, o setor era comandado por um cargo gerencial, as empresas gastavam menos recursos inicialmente e, ao mesmo tempo, investiam num profissional com perfil mais generalista e multiplataforma.