O Jurídico sem Gravata elegeu sua nova direção para o triênio 2025/2026. Flávio Franco volta a ocupar o cargo de diretor-presidente do grupo. A nova direção ainda conta com Amira Chamas, que ocupará a vice-presidência, e Felipe Barbosa, como diretor financeiro. Além disso, a diretoria do JSG contará com mais cinco diretores, sendo eles: Ana Carolina Medina, Jorge Khauaja, Samuel Swartele de Mello, Gustavo Godinho e Tatiana Crizza.
Flávio Franco, um dos fundadores do grupo, em conversa com a Análise compartilhou o sentimento de acompanhar o crescimento do JSG. "É uma realização muito grande. O Jurídico sem Gravata é uma atividade paralela, de associação, então há muita concorrência do ponto de vista de tempo. Eu brinco que somos uma banda que sobreviveu a alguns discos, pois emplacar um hit é muito bom, mas manter isso ao longo do tempo é para poucos".
Principais metas
Flávio pontuou quais são os objetivos para a diretoria que estará à frente do grupo no próximo triênio. "Uma das nossas missões é ampliar o instituto. Temos uma estrutura organizacional mais bem preparada para acolher novos membros. Queremos receber mais pessoas que compartilhem desse propósito. No passado tínhamos uma limitação de crescimento, mas superamos isso. Podemos, de uma forma gradual, expandir".
Outra meta para Flávio é usar o grupo para disseminar conhecimento. "Além disso, queremos aumentar a difusão do conhecimento sobre gestão jurídica. Tem muito conteúdo no grupo como um todo e com os integrantes, então queremos compilar isso de uma maneira atraente para os integrantes, bem como para o mercado jurídico como um todo. Nós constituímos o primeiro curso de gestão jurídica no país, mas sentimos que isso ainda é algo limitado no Brasil".
Além disso, Flávio destacou que o JSG pretende expandir sua atuação Brasil afora. "Queremos ser mais presentes fora de São Paulo. O Jurídico sem Gravata nasceu aqui, as principais empresas do Brasil se encontram aqui, mas o Brasil é muito maior do que São Paulo. Temos excelentes gestores em outros locais, também encontramos empresas e escritórios grandes, então queremos expandir as nossas fronteiras. Nosso foco é acelerar esse processo para que possamos ter mais ilhas de excelência pelo país".
Desafios a serem superados
Além das metas, Flávio destacou quais são os obstáculos que terá à frente da gestão do Jurídico sem Gravata. "Desde que o JSG nasceu, nós temos um obstáculo de tempo e energia para essa atividade, pois é algo paralelo. Na medida que nos propomos a fazer coisas maiores, essa energia e dedicação crescem proporcionalmente. Então, temos a dificuldade de conciliar as atividades do JSG com as nossas outras atividades profissionais. Para isso, precisamos de capital humano mais engajado. Estamos mais preparados para enfrentá-lo, porém, seria ingenuidade dizer que esse desafio já foi superado".
"Temos também uma barreira econômica. Nós somos uma associação sem fins lucrativos, nossos associados contribuem para que consigamos manter as despesas administrativas, mas não temos uma fonte de renda. É um desafio para qualquer gestor: alcançar o maior número de pessoas com essa limitação de recursos", acrescentou o novo diretor-presidente.
Dez anos de história
Em 2025 o Jurídico sem Gravata chega a dez anos de existência. Flávio contou como foi a evolução do grupo nessa década. "Nós começamos como um grupo de amigos, atentos a temas de gestão, e ao longo do tempo fomos crescendo. Uma das características do grupo, e um fator de sucesso, é o propósito de modernizar a advocacia corporativa, além disso tirar a gravata mental dos advogados".
"Muitos advogados gostam ou precisam da gravata no pescoço, mas o JSG não tem nada a ver com isso. Nosso objetivo é tirar a gravata na cabeça do advogado, representada por um excesso de formalismo, uma linguagem rebuscada, um distanciamento do negócio, e isso não cabe no universo corporativo", ressaltou Flávio.
O novo diretor-presidente disse que a nova direção planeja realizar um evento para comemorar a primeira década de existência do grupo.
Quebrando barreiras
Flávio afirmou que o Jurídico sem Gravata vem contribuindo para deixar o mundo jurídico cada vez menos burocrático. "Eu tenho certeza de que o JSG vem quebrando esses paradigmas. Recebemos muitos relatos de pessoas como tem superado isso, além de tantos que citam o grupo como uma inspiração".
"Porém ainda nos espantamos, em alguns lugares, entre eles alguns endereços chiques. Existem muitas empresas que se posicionam como modernas, mas pecam nessas questões", pontuou Flávio.
De acordo com o novo diretor-presidente, a ausência da gravata mental, que antes era um diferencial, hoje é necessária. "Não entendemos mais que isso é uma questão de um diferencial competitivo, mas passou a ser uma questão de sobrevivência. Não é mais opcional um advogado corporativo deixar os antigos hábitos e pensamentos".
Formação jurídica
Um dos temas destacados por Flávio é a formação dos advogados. Segundo ele, o ensino jurídico no país está longe de ser o ideal. "Temos uma visão muito crítica sobre o ensino jurídico no Brasil. Com raras exceções, a formação do advogado se resume em litigar, litigar e litigar. São poucas as universidades que falam que há vida para um advogado fora de um concurso público ou de escritório de advocacia".
"A grande maioria ingressa na área corporativa sem instrução, formação ou direcionamento acadêmico. Temos uma grande oportunidade muito legal para nos aproximarmos de grupos de ensino, levantarmos a pauta de mudança de revisão curricular e trazer conteúdos de formação gerencial. Competências elementares como liderança, gestão financeira, comunicação, nós temos que aprender na raça e na prática", destacou o novo diretor-presidente do grupo.
Expectativa para os próximos dez anos
Flávio refletiu sobre as expectativas para os próximos dez anos da advocacia corporativa. "Vivemos hoje um cenário promissor em relação à relevância da advocacia corporativa, é um bom momento para o advogado estar na advocacia corporativa. Porém, vemos estruturas cada vez mais pressionadas do ponto de vista de recursos financeiros e de talentos. O desafio é surfar essa onda sem cair da prancha e tomar um caldo. E a resposta para isso é ter competências de gestão, não vejo outro caminho além desse".
Já a respeito dos próximos dez anos do Jurídico sem Gravata, Flávio apresentou otimismo para o grupo. "Comemoraremos vinte anos de existência. Torço para que até lá estejamos mais fortes, em outras localidades, deixando o JSG mais amplo e mais diverso. Temos um desafio de manter a nossa relevância e ampliá-la com o tempo. E não tenho dúvidas de que esse grupo permanecerá por muitos anos".