Especialistas debatem a importância do Legal Design para escritórios de advocacia | Análise
Análise

Especialistas debatem a importância do Legal Design para escritórios de advocacia

Bruno Accorsi Saruê, Rodrigo Toler e Thiago Lott acreditam que a comunicação mais simples agiliza soluções para os clientes

24 de June de 2021 16h25

A Análise Editoral realizou, nesta quinta-feira (24), o décimo encontro da segunda temporada do projeto "Bate-Papo com Análise". A conversa sobre Legal Design contou com os experientes advogados Bruno Accorsi Saruê sócio fundador do Accorsi Saruê Advocacia Empresarial, Rodrigo Toler da banca Opice Blum, Bruno e Vainzof Advogados Associados e Thiago Lott sócio nominal do Lott Advocacia.

O debate mediado por Silvana Quaglio e Alexandre Secco trouxe diversas reflexões sobre a necessidade de repensar a forma em se comunicar, no Direito. Dentre os vários assuntos abordados e táticas variadas para se estabelecer uma conexão com os clientes, o que mais se destacou foi a simplicidade e objetividade no discurso e ação jurídica.

Bruno Accorsi, bacharel em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e pós-graduado em Direito Societário pela Fundação Getulio Vargas (FGV), atuante na área jurídica há quase duas décadas, mencionou que embora esteja em alta agora no Brasil, o Legal Design surgiu por volta de 2001. O advogado, que hoje tem como objetivo a simplificação de contratos jurídicos e desenvolvimento de soluções por meio do Legal Design, destaca que existe um "braço" dentro do Legal Design chamado Visual Law, e acredita que a nova abordagem chega para auxiliar também na prevenção de conflitos futuros: "Quando você tem mais clareza, é possível minimizar os conflitos."

Accorsi também destacou que enxerga o Legal Design como uma abordagem do Direito, também relacionado a experiência do cliente, e o Visual Law como uma forma de simplificar a comunicação. Para Bruno, as técnicas de Visual Law e Legal Design estão presentes também em suas demandas societárias, pois é necessária uma comunicação que o cliente entenda, independente da área.

Para Rodrigo Toler, especialista em processo civil e Direito Digital e proteção de dados, a principal função dessa nova abordagem é tornar as coisas mais simples. O advogado enxerga o Legal Design como uma metodologia para resolver conflitos de forma objetiva e esclarecedora. Toler também destacou a necessidade de os documentos serem mais transparentes e concisos, assim os clientes não precisam buscar assessorias jurídicas somente para traduzir o "juridiquês".

O sócio do Opice Blum, Bruno e Vainzof Advogados Associados, que também tem curso avançado em Legal Design com aplicação prática, falou sobre a necessidade de universidades se adaptarem a visão prática da advocacia, além da teoria, e citou o jornalista e jurista Piero Calamandrei: "Não é dever do juiz entender, é obrigação do advogado se fazer entender". Rodrigo também afirmou que por se tratar de um atendimento específico, o Legal Design demanda um maior tempo de dedicação.

Thiago Lott, que tem mais de 16 anos de atuação em Direito Empresarial, área em que é mestre, endossou que embora o Legal Design tenha ganhado grande visibilidade no mercado jurídico, ainda não foi devidamente consolidade dentro do mundo acadêmico. O advogado falou sobre a cultura criada nos campos acadêmicos de "advogar em exaustão" e escrever diversas páginas, mas acredita que o ensino não precisa permanecer dessa forma.

Lott, que fundou sua banca em 2008, falou também que o impacto com a adesão de um pensamento objetivo, não mais somente o jurídico argumentativo, foi instantâneo. O escritório visa transformar 80% de suas abordagens, sobre processos de advocacia em Visual Law tornando-os mais objetivos. Para Thiago, o advogado precisa estar alinhado com seus clientes, "ombro a ombro", e o Legal Design vem como um facilitador dessa tarefa, pois melhora a compreensão das peças de advocacia.

Por fim, os advogados falaram sobre os desafios em implementar uma cultura com Legal Design em suas peças. De acordo com Bruno, o principal ponto de dificuldade é conseguir convencer as pessoas da mudança, pois por ser mais simples, no início gera muitas dúvidas. Já Rodrigo destaca o tempo como obstáculo central. Ele diz ser necessário pensar em todas as pessoas que vão receber o material para organizá-lo de forma pessoal. Thiago aponta que as configurações na elaboração do material foi a principal dificuldade, mas em coletivo com sua equipe encontrou as soluções necessárias. Também mencionou o fato de seus clientes o apoiarem.

Confira a live na íntergra:

LIVE ANÁLISE #10 | Legal Design vale mais do que mil parágrafos?
Accorsi Saruê Advocacia EmpresarialBruno Accorsi SaruêLegal DesignLiveLott AdvocaciaOpice Blum, Bruno e Vainzof Advogados AssociadosRodrigo TolerThiago LottTV AnáliseVisual Law