"Esse problema não é meu" - foi o que uma diretora ouviu em uma reunião com executivos de uma grande empresa ao questionar, durante a pandemia da Covid-19, como ficaria a sua situação com relação a escola do seu filho, que estaria em isolamento obrigatório, impactando diretamente na sua rotina de trabalho.
O exemplo foi trazido por Daniela Albuquerque, diretora jurídica Latam da Galderma, durante o painel "Desafios da inclusão da mulher em altos postos na gestão jurídica: qual o maior desafio para a ascensão?", realizado durante a Fenalaw 2022. Para abordar o tema, também foram convidadas a Juliana Marques, diretora jurídica e de compliance da Sandoz e Sara Martins, diretora jurídica da Goodyear. De acordo com Daniela, "em razão de casos como esse, se faz necessário ter mulheres em altos postos na gestão jurídica".
É de conhecimento geral a importância e os desafios da inclusão da mulher em uma sociedade ainda desigual. De acordo com um levantamento realizado pela consultoria Bain & Company, com mais de 20 mil trabalhadores em todo mundo, somente 40% da força de trabalho global, em qualquer cargo, é formada por mulheres.
Segundo os dados, essa participação está diminuindo em países de crescimento mais rápido e de baixa renda, onde há mais mulheres sem educação universitária, como a Índia e a China. Dados do relatório Global Gender Gap Report 2022, recentemente publicado pelo Fórum Econômico Mundial, mostra que se continuarmos neste ritmo a desigualdade de gênero global somente acabará em 132 anos.
A desigualdade de gênero no Brasil coloca o país em 94º lugar em um ranking feito pelo Fórum com 146 nações. Em comparação aos países vizinhos, o Brasil está atrás da Argentina (33º), Guiana (35º), Peru (37º), Bolívia (51º), Uruguai (72º), Colômbia (75º) e Paraguai (80º). Para conferir os resultados globais e as principais conclusões do relatório na íntegra, acesse aqui.
Durante a palestra, qs participantes do painel citaram as informações do e-book Análise Advocacia Mulher 2022. Dados da pesquisa realizada pela equipe da Análise Editorial revelaram que as advogadas ocupam menos de 35% dos cargos de CEO ou sócia-diretora, enquanto os advogados ficam com 63% dos postos de comando.