Guilherme Tocci, legal ops manager da Gympass, representou o Brasil no maior evento de Legal Ops do mundo. Promovido pela Corporate Legal Operations Consortium (CLOC), o encontro "Recharge: Embracing Experimentation in Legal Ops" aconteceu entre os dias 6 e 9 de maio em Las Vegas, nos Estados Unidos.
O brasileiro dividiu a mesa com executivos da área de tecnologia, como a director of legal operations & technology da Netflix, Jenn McCarron; a chief community officer da Ironclad, Mary O’Carroll; e o chief legal officer da Ferring Pharmaceuticals, Curt McDaniel. Além deles, participaram a director of legal operations da IFM Investors e a anfitriã, Aine Lyons, do conselho global da instituição.
Na abertura, a mesa trouxe enfoque a temas globais de Legal Ops. "Para dar uma perspectiva global, estive eu, do Brasil, uma pessoa dos EUA, outra da Europa e uma da Austrália, debatendo o que cada um tem visto em seu país e pensando em perspectivas de colaboração entre as regiões. É a primeira vez que fizeram isso", disse Tocci.
Para definir o cenário brasileiro, Guilherme levou a dimensão da indústria jurídica no país e apresentou uma visão própria que dispensa modelos importados. "Muitas multinacionais vêm para o Brasil tentando replicar o que têm no modelo de fora", disse. "Isso nem sempre funciona porque não é analisado da perspectiva do Brasil."
De acordo com Tocci, o que torna o cenário brasileiro diferente é a quantidade de advogados - cerca de 1,5 milhão -, a autonomia e a mobilização rápida, a cultura mitigante e as mais de 200 legaltechs que nasceram por demandas dos departamentos jurídicos e do Judiciário.
As Legal Operations envolvem mecanismos de gestão e otimização das operações jurídicas, incluindo processos, finanças, recursos humanos e tecnologia. O termo surgiu no começo do século XXI, em startups do Vale do Silício, nos EUA, à medida que departamentos jurídicos corporativos precisaram adotar abordagens mais empresariais para gerenciar suas operações.
"Começou nos EUA, depois no Reino Unido e no resto da Europa. Agora, outros países estão começando a ter uma maturidade maior, como a Austrália e o Japão. O Brasil vai crescer nessa área de Legal Ops nos próximos cinco anos o que não cresceu nos últimos 20", afirmou Tocci.
Além de escritórios de advocacia, empresas do agronegócio, saúde, varejo, tecnologia e serviços já contam com estrutura voltada para Legal Ops. "Estamos em um momento de mercado que as pessoas começam a ter muito ‘awareness’, mas na hora de estudar tem pouco conteúdo. Têm alguns livros, mas a CLOC tem um arsenal de conteúdo de perspectivas globais sobre a profissão", disse.
Chamada de "CORE 12", a mandala de competências da CLOC reúne 12 focos de Legal Ops, como tecnologia, gestão de projetos, conhecimento e finanças. Confira o conteúdo sobre cada uma das 12 competências.