Advogados comentam utilização de IA nos escritórios: "Inevitável" | Análise
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Advogados comentam utilização de IA nos escritórios: "Inevitável"

O tema foi debatido no Programa Análise Advocacia pelos advogados Peter Siemsen (Dannemann Siemsen), Luiza Sato (TozziniFreire) e Ellen Gonçalves (PG Advogados)

18 de April de 2024 15h15
Pesquisa exclusiva revela a IA na rotina dos escritórios

Uma pesquisa realizada pela Análise revelou como os escritórios de advocacia lidam com a Inteligência Artificial (IA) em seu cotidiano. De acordo com os dados obtidos, 70% dos entrevistados concordam que a IA fará parte das tarefas atualmente realizadas por advogados. Esses mesmos 70% admitiram já utilizar pessoalmente alguma ferramenta de IA para desenvolver seu trabalho.

O resultado da enquete foi discutido durante o Programa Análise Advocacia desta quinta-feira, 18. A transmissão ocorreu no canal da editora no YouTube, TV Análise, e foi apresentada pela diretora-presidente e publisher da Análise, Silvana Quaglio, juntamente com o sócio e conselheiro editorial, Alexandre Secco. Para comentar a pesquisa, foram convidados os advogados Peter Siemsen, sócio do Dannemann Siemsen, Luiza Sato, sócia do TozziniFreire, e Ellen Gonçalves, CEO do PG Advogados.

Tema inevitável quando se discute IA é se os estagiários e os profissionais juniores perderão sua utilidade nos escritórios. Para a CEO do PG Advogados, Ellen Gonçalves, essas ferramentas impulsionam o trabalho dos profissionais e vão além da questão de cargo ou senioridade. "Devemos encarar a IA como uma ferramenta para nos auxiliar a entregar mais resultados e eficiência para os clientes", disse. "A ameaça está presente para aquele profissional que não utiliza a IA".

Entre as principais utilidades da IA para os escritórios, a consulta e pesquisa, além do apoio em atividades paralelas, como a produção de apresentações, foram as mais citadas na enquete, com 71% e 76% de menções, respectivamente.

"As aplicações no contencioso são inerentes por ter muitas atividades repetitivas, [tanto na] área de legal operations, contratos, [quanto] na parte de analytics e jurimetria", disse.

No entanto, o levantamento revela que 58% não percebem a IA como uma ameaça em nenhuma etapa da carreira. A sócia do TozziniFreire, Luiza Sato, menciona novas oportunidades. "As empresas morrem quando não inovam. Mas a IA tem um limite de tempo; podemos deixar de fornecer uma resposta atualizada para nosso cliente se dependermos dela para tudo", disse.

Sobre a velocidade com que as mudanças são adotadas pelos escritórios, 40% consideram que não há pressa e é preciso mais tempo para entender melhor o assunto, enquanto 33% consideram estar na vanguarda, e 27% se sentem atrasados, segundo a pesquisa.

"Os escritórios podem montar um grupo de inovação para entender, junto com as outras áreas, do que elas precisam, por exemplo: melhorar redação, criar artigos, resumir textos, criar tabelas e atas de reuniões", disse Luiza.

Peter Siemsen, o "cara da tecnologia" do Danneman Siemsen, concorda que o profissional que utiliza a IA é mais eficiente. Ele analisa o processo de automação promovido pela tecnologia como interminável: "A IA está sendo muito útil na identificação do conteúdo [recebido] e na identificação do serviço interno".

O custo do investimento também deve ser considerado, segundo Peter. "Às vezes, o impacto [da IA] não é tão grande do ponto de vista da lucratividade e da organização. É preciso cautela", disse. "A gente quer o uso macro, quanto maior o escritório mais necessário, mas nem todos os sócios têm essa visão avançada de TI e sistemas. Temos regras super restritas de governança", completou.

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