Negócios são passados de pai para filho em todo o mundo, e mesmo a palavra "herança" estando mais relacionada a dinheiro e bens, é possível que ela tenha outras formas. Herança cultural, sociológica, profissional ou intelectual, por exemplo. No universo da advocacia não é diferente, filhos se inspiram nos pais e, em muitos casos, trabalham com eles.
A década de 1970 foi agitada para Ricardo Innocenti. O jovem advogado foi convidado, por um diretor da Sabesp, a constituir o Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema), em pouco tempo assumiu a diretoria do Departamento da entidade. Foi só em 1983 que Innocenti Advogados nasceu. Cinco anos depois, em 1988, seu filho, ainda no primeiro ano da faculdade, já frequentava o escritório como estagiário.
Compartilhando a mesma profissão, pai e filho viam suas diferenças de formação como um ativo. Com conhecimento e desempenho mais técnico, Marco Antonio era empenhado em estudar casos jurídicos, enquanto Ricardo tinha mais sensibilidade ao analisá-los.
Independente da questão familiar estar sempre presente no Innocenti Advogados, o escritório não se restringe a isso. Desde o princípio, a relação estabelecida entre os profissionais era de intensa troca intelectual.
Do outro lado, os advogados Chico Müssnich e Francisco Müssnich dividem profissão e sobrenome, mas trabalharam pouco juntos. Sócios de escritórios diferentes, Chico é sócio fundador do BMA Advogados, e seu filho, do FCDG.
Mesmo com admiração mútua, a dupla mantém a lado profissional distante do familiar. "Aqui [no BMA] a nossa regra é não ter família, meu filho que é um tremendo advogado trabalha na concorrência, no Ferro, Castro Neves. Acho que é uma maneira de desenvolver os nossos filhos. É melhor dar a eles a chance de brilharem sozinhos, criamos os filhos para o mundo e eles que tem que conseguir a competência deles", disse Chico na estreia do Programa Análise Advocacia.
Pode até parecer, mas a relação de pai e filho dos Müssnich não é fria. Francisco lembra de receber dicas e aprender com Chico. "Lembro da época em que o Código Civil de 2002 foi promulgado. Eu ainda estava na escola, mas ele fez questão de me entregar um artigo de jornal para ler e entender o tema. Acho que isso despertou meu interesse para o direito", lembrou Francisco.