O TC, plataforma de investimentos e educação financeira, anunciou a contratação de Rodrigo França como novo chief compliance officer (CCO). Natural de Campinas, interior de São Paulo, o advogado formou-se pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), tem pós-graduação em Direito Penal Econômico e Europeu pela Universidade de Coimbra, e doutorado em Direito no então programa Aspectos Jurídicos e Econômicos da Corrupção, da Universidade de Salamanca.
Em entrevista para a Análise Editorial, França destaca que, normalmente, as pessoas do time de compliance são conhecidas como os "cães perdigueiros" — os "chatos" que farejam tudo e vetam campanhas, projetos e operações. De acordo com o advogado, sua principal tarefa é coordenar toda a área de compliance, não deixando que eventuais ações de outras áreas causem riscos, dos mais variados, como os regulatórios ou danos de imagem e reputação. Além disso, ele afirma trabalhar para manter todos no TC atualizados e cientes dos princípios éticos que devem seguir, como também das melhores práticas — inclusive, com treinamentos específicos e periódicos.
Somados quase 15 anos de experiência na área, após a conclusão dos estudos, foi em Londres que o advogado deu os primeiros passos de sua carreira. Primeiro como assistente jurídico na Euro Parking Collection e, logo depois, como analista de compliance na International Compliance Association. Ao longo dos quase nove anos morando na Europa, ao retornar para o Brasil, em 2009, a mudança de ares também o fez experimentar o setor público. Na ocasião, França foi assessor jurídico na EMDEC (sociedade de economia mista que cuida da área de transportes e trânsito na cidade de Campinas), até assumir a posição de gerente jurídico, na Secretaria de Transportes e Trânsito da Prefeitura de Guarulhos, sendo o responsável por grandes contratos e licitações públicas.
Com o fim de sua jornada no setor público, França decidiu atuar como consultor autônomo especialista na área de compliance, até ser convidado pela International Compliance Association para trabalhar em um grande projeto de consultoria externa para o banco HSBC, que passava por uma reestruturação global em toda a sua área de compliance e prevenção de crimes financeiros, por conta dos casos de lavagem de dinheiro dos cartéis mexicanos. Lá, ao lado de outros colegas, foi responsável pela análise, consultoria e treinamento de funcionários nas posições do banco na América Latina, principalmente na Argentina, Brasil e México.
Finalizado o processo de reestruturação do banco, França destaca que aceitou o desafio de migrar para um mercado incipiente e ainda carente de regulação: o mercado dos criptoativos. No ramo, o advogado atuou na função de compliance officer para uma exchange de criptoativos argentina, com presença no Brasil, e que hoje detém a segunda posição em nosso mercado, com mais de um milhão de clientes.
Tendo conhecido o TC de forma superficial, porque acompanhava algumas publicações da empresa e de seus colaboradores, França revela que foi um amigo de longa data que sugeriu a ideia de migrar novamente, ou seja, sair do mercado de criptoativos e tentar assumir um novo desafio, pois o TC estava buscando uma pessoa para gerenciar toda a área de compliance. O convite e a proposta vieram das mãos do próprio CEO do TC, Pedro Albuquerque, que o entrevistou junto com o COO, Pedro Machado.
Na opinião do advogado, o compliance brasileiro, no aspecto geral, apesar do grande avanço na última década, ainda deixa a desejar quando comparado à Europa e aos Estados Unidos. Mas isso não é culpa exclusiva das empresas ou dos profissionais brasileiros. Segundo França, há muitos profissionais de nível excelente no Brasil. Uma grande parcela vem do próprio setor público, com regulações dúbias, complexas e algumas até ineficazes. O advogado ainda cita, como exemplo, a desregulação do mercado brasileiro de criptoativos — muito aquém do que já existe em uma série de outros países.
Não obstante, na visão de França o futuro é promissor. De acordo com ele, nota-se um um avanço gradual e constante que passa, muitas vezes, pela mudança de cultura com relação a muitas práticas de compliance, antes renegadas. Muitas empresas, a despeito da realidade brasileira, têm se modernizado e adaptado as melhores práticas internacionais para o mercado brasileiro.
Por fim, França explica que o TC está, com grande frequência, lançando produtos e criando novos planos voltados para a contribuição da educação financeira dos investidores. Particularmente, a área de compliance atua "por trás das cortinas" para garantir que todo esse crescimento seja saudável, sustentável e esteja sempre em conformidade com as leis, normas e os regulamentos aplicáveis ao negócio da empresa. O advogado almeja se consolidar ainda mais na área e poder auxiliar outras pessoas, mais jovens, que tenham interesse e queiram progredir com afinco nessa relativamente nova, mas eletrizante, profissão.