Eleito Mais Admirado na edição do Análise Advocacia 15 anos em dez especialidades do Direito, dez setores econômicos e no estado de São Paulo, o escritório Felsberg Advogados, reforçou sua atuação na área de Energia Elétrica com a contratação da nova sócia Ligia Schlittler. Em entrevista para a Análise Editorial, a advogada explica sobre a decisão da banca em investir na prática de infraestrutura, e afirma que o setor agora conta com 20 profissionais, entre sócios, advogados e estagiários.
Formada em 2004 pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com LL.M. e especializações em Direito Ambiental e da Energia pela Duke University School of Law, e Direito Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), além do Brasil, Ligia é licenciada para advogar em Nova York e na Califórnia. Segundo ela, há nichos de mercado bastante aquecidos e, neste contexto, contratar um sócio(a) dedicado(a) na área fazia bastante sentido.
Além disso, a advogada destaca que temas como a agenda de privatizações, o Novo Marco do Saneamento e a Nova Lei do Gás não deixam dúvidas que infraestrutura terá um destaque ainda mais relevante nos próximos anos.
Na opinião de Ligia, estamos vivendo uma transição para um mercado completamente livre, em que os consumidores poderão escolher a fonte de seu suprimento (eólica, solar, biomassa), escolher seus fornecedores e negociar com eles os preços da energia que irão consumir. Mais do que negociar, ancorar preços e ter previsibilidade quanto ao custo deste insumo, a liberalização do mercado de energia oferecerá absoluto protagonismo ao consumidor. Já no caso dos grandes consumidores, segundo ela, nota-se que estão optando, inclusive, por gerar sua própria energia e, em alguma medida, tornar-se autossuficientes.
Este movimento traz inúmeras oportunidades de negócios não somente no segmento de desenvolvimento de projetos, mas também no mercado de M&A, explica. Além da maturação de projetos brownfield, gerando um mercado secundário bastante relevante para os clientes que buscam parques em operação, há clientes que têm optado por comprar novos projetos e gerenciar diretamente os riscos da construção de seus ativos, frisa Ligia.
No contexto da transição energética que o mundo vem experimentando e diante da urgência dos desafios impostos pelas mudanças climáticas, a advogada acredita que os próximos anos deverão apresentar um crescimento expressivo envolvendo negócios de energia, especialmente no que se refere a questão de sustentabilidade.
Com quase 15 anos de atuação no setor, Ligia conta que a sua experiência profissional foi bastante variada, e inclui tanto a atuação em escritórios de advocacia (onde começou em contencioso estratégico e arbitragem), quanto em companhias, consultoria e em um órgão regulador nos Estados Unidos. De acordo com a advogada, ingressou no meio da energia em 2007, quando, por motivos pessoais, mudou-se para o Ceará. Naquela época, haviam muitos projetos eólicos em desenvolvimento, em todo o Nordeste.
Questionada sobre a decisão de encerrar seu ciclo no TozziniFreire Advogados após quatro anos, Ligia reconhece a importância do escritório na sua carreira e diz ter aprendido muito. Contudo, além da oportunidade de desenvolver a área de energia de uma forma mais abrangente, se identificou bastante com a visão e a estratégia do Felsberg para o setor. Enquanto sócia, Ligia tem o intuito de oferecer uma gama variada de serviços para atender as mais diversas demandas dos clientes em energia, agregando também serviços relacionados à sustentabilidade e práticas ESG.
Além disso, como o setor de energia é altamente regulado e específico, Ligia frisa que ter um time dedicado também possibilita ao escritório atender os clientes de forma mais completa e especializada, seja através de consultoria em assuntos regulatórios, seja fortalecendo o atendimento a investidores interessados no setor, não apenas no segmento de geração, mas também de transmissão e comercialização.
MULHERES DE ENERGIA
Um grande diferencial na trajetória profissional de Ligia é a fundação do grupo "Mulheres de Energia", criado em junho de 2020, com o propósito de dar maior representatividade feminina no setor ainda amplamente masculino, sobretudo quando se fala em cargos de alta liderança. Reunindo amigas, clientes e parceiras, Ligia formou um grupo absolutamente multidisciplinar e heterogêneo, atualmente composto por cerca de 50 profissionais, para debater temas setoriais relevantes e tópicos de liderança feminina, disseminar conhecimento e pavimentar o caminho das futuras gerações de mulheres no setor.
A advogada revela que são feitas reuniões mensais para discutir os temas propostos pelas participantes e, para atingir públicos maiores, realizam webinars com certa regularidade. Questionada sobre temas já debatidos, Ligia detalha a "Modernização do Setor Elétrico", "As lições da pandemia para o gerenciamento de pessoas e para a comunicação corporativa", "Energia do Futuro" (no qual discutiram transição energética e inovação tecnológica) e "Acesso à Energia e Infraestrutura e Igualdade de Gênero".
A advogada comenta que, no último dia 8 de março, realizaram um evento em parceria com a FGV Energia, na qual misturaram painéis de temas de energia com outros que pudessem interessar também mulheres de outros setores. Além disso, ela revela que, recentemente, estabeleceram uma aliança com a Universidade de Columbia, com a proposta de potencializar as sinergias existentes entre as atividades do grupo e as iniciativas da Columbia quanto à diversidade de gênero no setor de energia.
Por fim, um dos objetivos futuros é implementar um programa de mentoria para ajudar na formação e no desenvolvimento de carreira das jovens profissionais, gerando um impacto social positivo e promovendo maior igualdade de gênero no setor de energia.