A implementação de políticas de equidade de gênero tem garantido uma maior presença feminina em posições estratégicas no ambiente corporativo. De acordo com dados do ANÁLISE EXECUTIVOS JURÍDICOS E FINANCEIROS 2022, cerca de metade das empresas adotam planos de promoção específicos para impulsionar a inserção de mulheres em cargos de liderança; este é o caso em 55% das áreas de compliance, e em 45% tanto no jurídico quanto no financeiro.
A primeira edição do anuário, de 2008, indicava que a chefia do departamento jurídico era desempenhada por 31% de mulheres; já no financeiro, inserido na pesquisa a partir de 2009, este índice era de 8%. Após 15 anos acompanhando as evoluções do cenário de negócios no Brasil, a publicação de 2022 expõe que o percentual de heads jurídicas aumentou para 46%, enquanto as responsáveis financeiras chegaram a 13%.
O compliance, em especial, é desempenhado por um número expressivo de executivas. No ranking deste ano de Mais Admirados do setor, 16 diretoras receberam destaque pela sua atuação, dentre os 28 premiados. Uma das primeiras representantes a desenvolver esta prática no país foi Rogéria Gieremek, embaixadora do grupo Compliance Women Committee, e Global CCO da LATAM Airlines. Ela indica que as mulheres conquistaram um espaço e posicionamento únicos neste departamento.
De acordo com a advogada, é preciso ter intuição e escuta ativa para navegar pelo mundo da conformidade e integridade, uma característica compartilhada pelas lideranças femininas do campo. Outra expoente da disciplina é Christina Montenegro Bezerra, CCO Latam da Stryker. Ela aponta que as mulheres têm iniciativa e propósito de contribuir com a sociedade, e o compliance proporciona mais justiça no mercado, estabilidade social, e um impacto efetivo na vida das pessoas.
As duas especialistas desbravaram a matéria na última década, e contribuíram para inserir governança, padrões éticos de conduta e controles internos no cotidiano das instituições. Mencionadas três vezes na listagem de compliance, as gestoras se tornaram referência na área, e incentivaram profissionais como a Juliana Marques Kakimoto a seguir essa carreira. Seu cargo atual é de Diretora Jurídica & Ética, Riscos e Compliance da Sandoz do Brasil.
Esta foi a primeira vez que Juliana recebeu o troféu de Mais Admirada, entregue durante a cerimônia de lançamento da publicação. A advogada integra o grupo Jurídico de Saias, junto de Rogéria e Christina. Outro nome inédito eleito no ranking deste ano é o de Chantal Pillet, director of ethics, compliance and internal controls do Carrefour Brasil. Segundo ela, as mulheres conseguem permear os processos e ter um olhar mais humanizado, habilidade essencial para atuar nesta especialidade.
Apesar dos avanços recentes, as entrevistadas concordam que ainda há várias ações para serem aplicadas em termos de Diversidade e Inclusão. Christina expõe uma outra perspectiva sobre as habilidades comumente associadas à profissão, preferindo evitar enquadrá-las no viés de gênero, para não incidir em um essencialismo sobre o papel da mulher. Ela critica o preconceito relacionado a maternidade, ressaltando que é possível conciliar essa esfera da vida com a carreira, exercendo o trabalho com competência e preparo.
*Diferentemente do que foi publicado na página 67 do anuário ANÁLISE EXECUTIVOS JURÍDICOS E FINANCEIROS 2022 - em reportagem que relata os 15 anos do anuário - a informação correta sobre a quantidade de heads jurídicas atualmente é de 46%. No primeiro ano da publicação era de 31%. O erro se deveu a uma falha técnica. E, infelizmente, passou despercebido pela etapa de checagem dos dados. Mas, felizmente, o mesmo dado aparece também à página 60. E nela publicado corretamente.